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Amanita muscaria

Impressões de um Boticário de Província

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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Mais farmácias? 

Infarmed estuda concurso para dar alvará a mais estabelecimentos
 
Correia de Campos prometeu abrir 500 novas farmácias; Ana Jorge prometeu 300; socialistas, prometeram mas não abriram nem uma. Paulo Macedo é mais de fazer do que de prometer e a Troika quer.
As grandes superfícies comerciais e as paraVazias parafarmácias que ainda sobrevivem estarão na linha da frente para iniciarem novos negócios.
Pelas minhas contas serão necessárias mais de 300 novas farmácias, sobretudo em locais abandonados por farmácias transferidas, mas também em vazios geográficos e em locais onde as existentes são pouco capacitadas para uma concorrência mais dura.
A ANF tudo fará para travar este processo; a APED tudo fará para fazê-lo avançar...

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Peliteiro,   às  09:10

Comentários:

 

É uma boa medida se for muito bem estudada: abrir em zonas sem farmácia. Se for simplesmente para abrir mais farmácias em locais com muitas já implantadas pode ser um último tiro num sector em morte. E 300 são muitas...

 

 

 

Re-post:

Acerca da abertura de mais farmácias num ambiente em que o seu rápido encerramento será muito provável, eis a minha opinião: julgo que é muito importante garantir que a população não fique sem acesso aos medicamentos quer devido ao encerramento de farmácias, quer devido ao facto de estas se terem deslocalizado ou mesmo nunca terem existido num determinado local.
Julgo ser também importante, do ponto de vista de saúde pública e do interesse nacional, que não seja permitida a abertura a “nados-mortos” ou “nados-moribundos” devido a factores adversos que lhe são impostos pelo estado como seja a sua forma de remuneração hoje em dia claramente desadequada.
Como disse o Dr Peliteiro num seu post, é do interesse público que as farmácias tenham uma garantia de uma escala mínima, uma massa crítica que garanta um serviço público farmacêutico de qualidade, ao nível dos stocks de medicamento (talvez o mais basilar) e, acrescento eu, em vários outros níveis (ocorre-me por exemplo a capacidade de remunerar pelo menos 2 farmacêuticos).
Reparem que essa escala mínima, teoricamente e em média, é inversamente proporcional ao número de farmácias abertas. Reparem também que, no que toca a número de utentes por farmácia, temos uma das melhores coberturas da Europa e ao menor custo.
Assim sendo, a abertura de farmácias por si só, provavelmente não viria resolver nenhuma questão de acessibilidade ao medicamento, na medida em que se diluiria ainda mais essa importante escala mínima de que falamos. Teriam portanto que necessariamente fechar farmácias para outras as poderem substituir.
Isto é, como disse, teoricamente e em média se a distribuição das farmácias e da população fosse homogénea. Na realidade existirão certamente locais em que a população é sub ou sobre-servida de farmácias.
Portanto eu diria que faz tanto sentido abrir farmácias nas zonas sub-servidas como faz sentido encerrá-las nas zonas sobre servidas quando não conseguem dar resposta à necessidade de medicamentos da população.
Se deve ser feito ou não é discutível.
# por Blogger Azrael : sexta-feira, abril 26, 2013

 

 

 

Se a ANF tivesse mesmo avançado com a suspensão dos pagamentos já tínhamos passado esta fase de vai não vai que não é boa para ninguém.
# por Blogger Azrael : sexta-feira, abril 26, 2013

 

 

 

Finalmente dois comentários estruturados e constructivos, o último então é "na mouche".
Obrigado Colega Azrael pela sua visão estratégica do sector.

Assim podemos "pensar" e "discutir" a profissão, não é com comentários tendenciosos...
# por Blogger Buiça : sexta-feira, abril 26, 2013

 

 

 

«Portanto eu diria que faz tanto sentido abrir farmácias nas zonas sub-servidas como faz sentido encerrá-las nas zonas sobre servidas quando não conseguem dar resposta à necessidade de medicamentos da população.
Se deve ser feito ou não é discutível.»

Acrescento apenas que a concorrência é sempre um catalizador de melhoria e que a legislação - às vezes esquecemo-nos, incluindo o Infarmed, de que temos leis a cumprir -, nomeadamente a capitação e a distância de 2 km, não está a ser cumprida e que permite instantaneamente colmatar as eventuais deficiências nessas zonas "sub-servidas".
# por Blogger Peliteiro : sexta-feira, abril 26, 2013

 

 

 

Voltemos à polémica!

Para o bem da concorrência, sobretudo em zonas sub-servidas, deve ser abolido o limite de distância entre farmácias e o limite de capitação. É que 2km numa zona rural do interior, onde há uma enorme dipersão das populações, atira a possibilidade de abertura para fora das mesmas populações, ficando estas por vezes servidas apenas por 1 farmácia onde o serviço deixa muitíssimo a desejar. Claro que sabemos quais as consequências deste facto, logo a ANF não vai estar "nem aí".

Para bem da profissão, o limite minimo de 2 farmacêuticos por farmácia tem de ser restabelecido. Desta forma, o limite para abertura de farmácias acabaria por ser o número de farmacêuticos disponiveis no mercado. E, claro, a forma de remuneração tem de ser rapidamente reformulada, deixando de vez a remuneração pela margem do medicamento, tal como já se discutiu por aqui noutros tópicos.
# por Blogger GreenMan : sexta-feira, abril 26, 2013

 

 

 

Totalmente de acordo Peliteiro (isto de comentar em dois sítios faz confusão).

A sua analogia com as consequências do condicionamento económico de Salazar também é brilhante e sugiro que a replique aqui.
# por Blogger Azrael : sexta-feira, abril 26, 2013

 

 

 

Greenman,

Você é uma no cravo e outra na ferradura.

O que você vai ter com isso é uma espécie de oeste selvagem das Farmácias. Uma botica em cada bairro e em cada supermercado como disse o Peliteiro.

Entretato a escala mínima foi às urtigas, e a viabilidade económica também. Nados mortos para todos e medicamentos, o mais importante, para ninguém.

"o limite para abertura de farmácias acabaria por ser o número de farmacêuticos disponiveis no mercado"

Vamos a contas: grosso modo, cerca de 10000 farmaceuticos no mercado de comunitária (empregados e desempregados) e cerca de 2,7 farmacêuticos por farmácia (número actual).

Dá cerca de 3700 farmácias.

Com cerca de 700 a 800 farmacêuticos a serem formados por ano, são mais 300 farmácias todos os anos.

Explique-me lá, com 4000 farmácias, de onde vem o dinheiro para pagar esses 2 farmacêuticos por farmácia?

O mercado vai-se auto-insuflar de forma a acomodar todos os farmacêuticos?

1 tractor para cada português e uma farmácia para cada par de farmacêuticos e o desfecho será igualmente ruinoso.
# por Blogger Azrael : sexta-feira, abril 26, 2013

 

 

 

Voltamos a um dos temas quentes e estruturantes da cobertura farmacêutica.

A liberalização da instalação, levará sempre num primeiro momento a um aumento exponencial do número de farmácias (como sucedeu no tempo das paravazias), no entanto, passado pouco tempo, o seu número ir-se-á reduzir drasticamente por falta de viabilidade económica e ficará reduzido a 4 grupos:

- os independentes, cada vez mais com a corda no pescoço e com níveis de serviço e de facturações muito reduzidos ao que existe actualmente;

- os grossistas, que farão a integração vertical do negócio e que terão o poder de decidir quais os players que têm, ou não, medicamentos e assim, controlar a concorrência;

- os grupos de saúde, que terão as suas farmácias associadas aos hospitais e maiores clínicas;

- a grande distribuição (que terá logistica e grossistas próprios) e que será claramente o maior destes grupos.

Assim, o número de farmácias de rua será muito mais reduzido estando elas situadas essencialmente nos grandes centros de consumo, ou seja, prestando um pior serviço à população.

Quanto ao Ministério da Saúde, teria que lutar com estruturas muito mais fortes e poderosas que a ANF e que não aceitariam os abaixamentos sucessivos que a ANF vai aceitando (veja-se a força da IF e das farmácias e para ondem pendem as medidas mais dolorosas...).

Como o Azrael disse, e isto é óbvio para quem gere uma farmácia, existe o problema de escala e não vale a pena impor restrições sobre o número de farmacêuticos com uma farmácia em cada porta, porque pura e simplesmente, o limite é o da viabilidade económica...

E não é viável estar um número de horas brutal aberto, com uma série de farmacêuticos (e se forem mais que dois, melhor), se tal não for com as margens e preços como estão e com um ainda maior número de farmácias.

Não sei como fazer, mas o ideal, seria que em algumas zonas saissem algumas farmácias (as que já não têm viabilidade), para que as outras pudessem crescer um pouco, e assim, conseguirem prestar um melhor serviço.

Quanto a novas aberturas, se existirem zonas que estejam necessitadas (por transferências passadas ou por fechos actuais), não vejo porque não a abertura de novos concursos.

Teremos "apenas" e novamente o problema da sustentabilidade, uma vez que muitos dos locais que ficaram sem farmácias, foram aqueles onde elas não eram lucrativas, ou porque o centro de saúde reduziu as consultas, ou porque as pessoas saíram das localidades, ou porque os consultórios fecharam...
# por Anonymous Anónimo : sábado, abril 27, 2013

 

 

 

Mais um esclarecido texto acerca do contexto económico do sector.

Um ponto fulcral é a tentativa , por asfixia económica , dos grandes players para ficarem com sector nas mãos.

Como referiu o Tiago, e por vezes esquecemo-nos, os armazenistas que eram aliados das farmácias, juntaram-se ao grupo dos predadores.

O governo terá de resolver o problema das Farmácias e terá de escolher entre dois tipos de parceiro futuro:

- Farmácias independentes, representativas, ligadas ao local e inseridas socialmente.
Ligadas por uma associação, coisa perfeitamente normal, mas que comparada com os grandes players é um menino de coro...
- Farmácias viradas para o negócio , puro e duro, que terão cada vez menos deontologia , menor formação do pessoal e desvirtuarão definitivamente a Profissão Farmacêutica, banalizando-a...

Quantos Farmacêuticos já foram despedidos, quantos não têm emprego e quantos foram substituídos por Técnicos?

Estamos todos no aguenta, não aguenta, nada se resolve e só se perde dinheiro...
# por Blogger Buiça : domingo, abril 28, 2013

 

 

 

"terá de escolher entre dois tipos de parceiro futuro" precisamente.

Podia era despachar-se a decidir que tipo de farmácias quer para o futuro em vez da hipocrisia que actualmente se vive.
# por Blogger Azrael : domingo, abril 28, 2013

 

 

 

Vejo que as minhas contas serviram para ao menos espicaçar a discussão. Entendam-nos mais como provocação do que como a solução para este "problema".

O facto é que mais cedo do que tarde, depois da entrada dos grandes players (chamemos-lhes Belmiro, vá), a situação vai piorar para niveis ainda não imaginados. Imaginem o que é cada continente com uma farmácia. Vejam como está a funcionar o continente online, e depois tirem as vossas conclusões. A maioria das pessoas tenderia a comprar os medicamentos nestas lojas, online ou não, o que deixaria as farmácias de bairro com grandes dificuldades. Inevitavelmente, muitas fechariam, mas desta vez não haveria 300 ou 400 pedidos para abertura de farmácia.
Tendo em conta o presente ambiente económico e a ideologia vigente, é muito provável que as farmácias tenham de encontrar outro modelo de negócio. Vender medicamentos já não pode ser o "core business". E quanto mais depressa o tornármos num serviço de suporte ao serviço principal (que tem de ser a gestão da doença), melhor saímos desta crise.

# por Blogger GreenMan : segunda-feira, abril 29, 2013

 

 

 

Amen greenman. Desta vez foi no cravo.

Ainda hoje vi um artigo que relata o que se passa nos estados unidos, em que existe um programa que faz essa gestão da doença por enfermeiros que se deslocam à casa dos doentes. Conclusão: é muito dispendioso enviar enfermeiros com regularidade à casa dos doentes para isso. Quem melhor que os farmacêuticos, distribuídos pela enorme rede de farmácias, depositários de grande confiança da população, para efectuar esse serviço de forma sustentável? Certamente não o continente.
# por Blogger Azrael : segunda-feira, abril 29, 2013

 

 

 

Azrael, o que escrevi sobre Salazar foi:
«Salazar seguia o condicionamento industrial e o Infarmed – apesar do princípio da livre abertura consagrado na lei – segue há décadas o condicionamento farmacêutico. Um dia, como em qualquer sistema oprimido, dar-se-à uma explosão, as parafarmácias transformar-se-ão em farmácias, todos os hipermercados terão farmácias e não haverá bairro ou lugarejo que não queira ter a sua botica.»
Obrigado.
# por Blogger Peliteiro : segunda-feira, abril 29, 2013

 

 

 

Ainda escrevi outro comentário, sobre o qual agradeço críticas e contributos:

«Ora eu sou contra a liberalização da abertura de farmácias; se tal acontecesse, num só momento, registar-se-ia uma explosão de novas farmácias, boticas e baiucas e enquanto o mercado não se regulasse (duraria anos, décadas, dada a dita “irracionalidade” que leva farmácias a serem vendidas mais caras, proporcionalmente, que a Microsoft) os doentes sairiam muito prejudicados.

Sou no entanto favorável a estudar uma liberalização condicionada (duramente fiscalizada) a certos requisitos, como por exemplo:
1- Stock de medicamentos equivalente ao valor de 1 mês de vendas, no mínimo 100.000 euros.
2- Equipa de 50% de farmacêuticos, no mínimo 2.
3- Mais de 150 m2 de área, laboratório para manipulados, cadeia de frio, WC para doentes, etc.
4- Actividade completamente informatizada, rastreabilidade ao lote completa.
5- Sistema de gestão da qualidade certificado.
6- Pelo menos dois serviços de saúde implementados com objectivos definidos e monitorizados.
7- Outros requisitos que agora, de repente, não vislumbro.
[Vou tentar escrever sobre este conceito de liberalização condicionada, com mais tempo, agradecendo desde já a colaboração dos colegas]»
# por Blogger Peliteiro : segunda-feira, abril 29, 2013

 

 

 

Amen greenman. Desta vez foi no cravo.

Ainda hoje vi um artigo que relata o que se passa nos estados unidos, em que existe um programa que faz essa gestão da doença por enfermeiros que se deslocam à casa dos doentes. Conclusão: é muito dispendioso enviar enfermeiros com regularidade à casa dos doentes para isso. Quem melhor que os farmacêuticos, distribuídos pela enorme rede de farmácias, depositários de grande confiança da população, para efectuar esse serviço de forma sustentável? Certamente não o continente.
# por Blogger Azrael : terça-feira, abril 30, 2013

 

 

 

A rastreabilidade ao lote (e mesmo à embalagem) é também uma bandeira minha também desde há vários anos mas sem a IF saltar para o autocarro dos códigos bidimensionais ou QR, provavelmente não haverá rastreabilidade para ninguém.
# por Blogger Azrael : terça-feira, abril 30, 2013

 

 

 

Quando ao sistema de gestão da qualidade, julgo que algumas exigências da norma actualmente em vigor são desadequadas. Por outro lado pedia-se mais exigência por exemplo na actuação relativa aos erros na medicação, nomeadamente erros de dispensa.

Mas estou a sonhar em voz alta, isto não passa de um delírio. Há problemas estruturais muito mais importantes para resolver antes de chegarmos a isso.
# por Blogger Azrael : terça-feira, abril 30, 2013

 

 

 

Sobre os pontos do colega Peliteiro, há que esclarecer se são para aplicar a todas as farmácias ou só àquelas que entram de novo no mercado. É que se forem regras só para as novas, a concorrência já de si imperfeita, continuará deformada. De todos os pontos, só o do espaço compreendo que seja para farmácias novas. As já instaladas não têm de se deslocar, mas têm de cumprir os restantes requisitos.

O SGQ tem de ser implementado em todas as farmácias, condicionando o recebimento dos pagamentos do SNS à conformidade das farmácias com as normas ISO e BPF. O problema é quem é que fiscaliza, quem é que audita, quem é que certifica? No caso da fiscalização, sendo o INFARMED o responsável, alguém explica como é que um quadro de 13 inspectores pode "duramente fiscalizar" 2800 ou mais farmácias, distribuidores, e industria diversa? Aqui surge-me uma duvida: pode o INFARMED delegar essa tarefa, sub-contratar uma empresa de auditores?
# por Blogger GreenMan : terça-feira, abril 30, 2013

 

 

 

Caro Peliteiro,

É contra a liberalização porque "iriam abrir muitas farmacias e isso seria muito prejudicial para os doentes".
1. Porque?
2. Se abrir farmacias prejudica os doentes, entao fechar farmacias beneficia os doentes?

Ajude-me a perceber como é que o aumento da oferta de um serviço prejudica os clientes?



# por Blogger Unknown : terça-feira, abril 30, 2013

 

 

 

Caro Pedro Moreira,

antes de o Peliteiro responder permita-me que lhe pergunte também porque presume que liberalização de abertura equivale necessariamente a um aumento da oferta do serviço aos utentes?
# por Blogger Azrael : terça-feira, abril 30, 2013

 

 

 

Green, sinceramente não tenho esta ideia bem pensada, mas poderia ser uma filosofia muito parecida com o licenciamento simplificado das unidades privadas de saúde: o Estado parte do princípio que o cidadão é honesto, fixa regras e quem quiser pode abrir a unidade de saúde e os instalados têm um prazo para se adaptarem - quem trair a confiança geral do Estado e prevaricar está bem tramado!

Quanto ao «quem é que fiscaliza, quem é que audita, quem é que certifica?», uma vez mais a sua postura de esquerdolas ;) atrofia-lhe o pensamento; por meia dúzia de tostões o Infarmed contrata um organismo de certificação idóneo e experiente que forma uma equipa de farmacêuticos especializados, seus supervisores e etc.
# por Blogger Peliteiro : quarta-feira, maio 01, 2013

 

 

 

Pedro Moreira, se tivesse a minha provecta idade saberia que quantidade quase nunca é qualidade...
# por Blogger Peliteiro : quarta-feira, maio 01, 2013

 

 

 

Caro Pedro Moreira,

A liberalização nunca iria aumentar o número de farmácias (sim, parece parodoxal).

Vai aumentar (e exponencialmente) numa primeira fase, mas no final do dia (que demorará uns 2/3 anos a chegar), vai diminuir o número de farmácias, uma vez que elas ficarão apenas nos locais de maior consumo e maior nº de habitantes.

Os grandes players sugarão todo o mercado (para faze-lo até podem perder dinheiro 2 ou 3 anos consecutivos) com acções de publicidade, descontos, cross selling com bifes e arroz (e o que mais calhar)... e assim, todas as outras farmácias terão um declínio financeiro ainda mais acentuado e fecharão rapidamente.

Quanto às pessoas que querem entrar no mercado, vai ser giro de ver, quando os armazenistas começarem a pagar o pagamento do stock antecipadamente (tipo cartão do telefone) e assim, ter que acrescentar o custo do stock ao investimento inicial.

Assim, reforço, qualquer liberalização da instalação, só levará à diminuição do números e à dificuldade do acesso às farmácias.

Ir-se-ia ainda colocar o Estado numa posição de grande fragilidade, pq negociar com 2 ou 3 players que detêm (realmente) o mercado não é a msma coisa que negociar com uma pessoa que representa 2700 outras, que não têm as mesmas posições.

Assim, não vejo sinceramente (e sim, tenho farmácia), qualquer benefício numa liberalização da instalação.

Poderia, falar nas desvantagens que terá, mas os farmacêuticos em geral, para os laboratórios, para os armazenistas existentes, enfim....
# por Blogger Tiago : quinta-feira, maio 02, 2013

 

 

 

Viva,
só não vê quem não quer, até o próprio Governo conhece estas contas reconhece-lhes validade, mas a inercia política...

Mesmo o Prof Pita Barros , que é sempre conservador e moderado nos seus estudos, já demonstrou por A + B.
Fico triste de ver a minha Profissão e actividade ser neste momento um monte de "ossos" em que todos estão a tentar encontrar um pouco de carne para comer...
# por Blogger Buiça : quinta-feira, maio 02, 2013

 

 

 

Caro Peliteiro,

Se tivesse a sua experiencia profissional e provecta idade, teria uma resposta melhor.

Caro Tiago,

Concordo com as duas fases (expansao e depois concentraçao urbana). Os estudos internacionais tambem apontam nesse sentido.

So que na fase de concentraçao urbana é provavel que abrissem mais farmacias do que aquelas que fechariam. Ao seja, o resultado liquido seria mais oferta ao cliente quer no retalho moderno (hipers, supermercados e centros comerciais) quer no retalho tradicional (comercio de rua).

Nao me parece fazer sentido proteger a viabilidade economica de um mercado privado.

Por outro lado, mais oferta aumenta a concorrencia.
O aumento da concorrencia reduz os preços e força os players a introduzir factores diferenciadores (horario, recursos qualificados, parcerias, oferta, promoçoes, infra-estrutura, estacionamento, etc).
A reduçao de preços e a inovação no modelo de negocio beneficia os consumidores.

Foi assim na banca, nas telecomunicaçoes, no retalho alimentar, nos cuidados de saude (primarios e outros), nos transportes, no turismo, nos serviços profissionais (notarios, advogados, solicitadores, etc).

O Estado é incompetente a negociar os interesses dos contribuintes. Mas fica com a tarefa facilitada se tiver 3 ou 4 players em vez de apenas 1 (a ANF).
By the way, há muito tempo que a ANF tem uma agenda propria. Nao tem 2700 agendas.
# por Blogger Unknown : quinta-feira, maio 02, 2013

 

 

 

Quanto aos distribuidores, felizmente operam num mercado concorrencial.
Por isso, enquanto uns pedem pagamento antecipado (caso da OCP) outros pedem pagamento a 30 dias (caso da Mercafar, Plural, etc).

Acha mesmo que alguem que queira abrir uma farmacia se assusta com 50 ou 100K de stock?
# por Blogger Unknown : quinta-feira, maio 02, 2013

 

 

 

Esqueceu a minha pergunta ou ignorou deliberadamente?
# por Blogger Azrael : quinta-feira, maio 02, 2013

 

 

 

Ignorei deliberadamente porque acho a resposta obvia.
# por Blogger Unknown : sexta-feira, maio 03, 2013

 

 

 

Caro Pedro,

Ponto por ponto.

1. Acho mesmo que qualquer inversão na balança de pagamentos iria colocar o negócio ainda em mais dificuldades.

Assim, o facto de ter sempre (não apenas como investimento inicial), todo o stock pré-pago, iria mesmo colocar ainda mais dificuldades na tesouraria (sempre eram mais 100 a 250K), já d esi débil.

E porque funcionaria o mercado em pré-pagamento para os novos players (não para os grandes, claro)? Pq não teriam a confiança dos armazenistas já existentes nem solidez financeira reconhecida.

2. Agenda da ANF - Não disse que a ANF tinha 2700 agendas, nem sequer disse que a ANF defendia os interesses dos seus associados (vai defendendo, desde que não sejam antagónicos com os seus...).

O que disse, foi que a ANF não tinha poder para impor nada às farmácias e que eram estas mesmas a abrir buracos na estratégia da ANF. E isto reduz (muito) o poder negocial da ANF.

Se em vez da ANF existirem meia dúzia de players que mandassem, mesmo, nos seus pontos de venda, a negociação era muito mais difícil e por isso o Estado ficaria capturado pelos seus interesses (como fica em todos os outros sectores, EDP, Brisa, Mota Engil, PT...).

3 - Estando de acordo sobre a deslocalização para as zonas grandes urbanas, penso que o número iria reduzir-se aí também, pq o "bolo" que seria roubado pelas farmácias dos Continentes, Pingos Doces, Mellos, Espiritos Santos, OCPs, Alliances seria tão, mas tão grande, que as outras pura e simplesmente deixavam de ser viáveis e assim, em cada bairro, existiriam as tais meia dúzia (das cadeias anteriormente descritas).

Assim a concorrência seria mais reduzida e não maior, pq são menos players e não mais.

Quanto ao acréscimo de concorrência, não sei onde trabalha (presumo ser farmacêutico pelo conhecimento que revela), mas na minha terra (o bairro com mais farmácias do País), olhe que ela existe e à séria, com todos os ingredientes que referiu espremidos ao máximo.

Acrescento apenas que qualquer jovem farmacêutico independente, não teria qualquer hipótese de abrir (e nmanter) uma farmácia num local competitivo pq nunca teria massa crítica suficiente.

Assim, e para finalizar, qualquer pessoa que defenda a liberalização da instalação, está, na minha opinião, a defender uma diminuição da concorrência, uma diminuição do número de farmácias, uma diminuição da influencia da profissão (sim, ela já é reduzida) e uma profunda concentração na mão de meia dúzia de tipos...
# por Blogger Tiago : sexta-feira, maio 03, 2013

 

 

 

O "esquerdolas" esteve a acompanhar a discussão, mas continua com dúvidas. A ideia de subcontratar as inspecções não me agrada mesmo nada, tendo em conta o país de amiguismos onde vivemos... prefiro que o INFARMED contrate mais inspectores.

Caro tiago,

Ressalvo que a sua opinião sobre quem defende a liberalização está inquinada pelo facto de ter farmácia. Tem todo o direito a defender o seu ponto de vista, mas creio que está errado no que toca à parte sobre a influência da profissão. Se virmos o caso do Reino Unido, onde os serviços farmacêuticos já são uma realidade mais ou menos implementada, vai verificar que quem tem feito mais pelo desenvolvimento da profissão e pela implementação e disseminação desses novos serviços prestados por farmacêuticos são as grandes cadeias. Paradigmático.
Claro que agora estão a surgir outros problemas, como o excesso de carga laboral nos poucos farmacêuticos contratados, ou a diminuição e crescentes dificuldades das farmácias independentes. Mas para isso há solução, que até pode passar por aumentar o limite minimo para 3 farmacêuticos nas farmácias pertencentes a cadeias, e subsidios para as farmácias de zonas rurais que servem populações mais isoladas.

# por Blogger GreenMan : sexta-feira, maio 03, 2013

 

 

 

Eu acho a sua ignorância óbvia caso contrário diga-me, se conhecer, países sem ser de 3º mundo com liberalização de abertura de farmácias e com mais farmácias por habitante do que Portugal.
# por Blogger Azrael : sexta-feira, maio 03, 2013

 

 

 

Mas porque raio perdemos tempo com esta conversa outra vez. Óbvia mesmo é a razão para limitar a abertura de farmácias. Tão óbvia que ate o tribunal europeu a veio reiterar recentemente.

Já está mais que mastigada.
# por Blogger Azrael : sexta-feira, maio 03, 2013

 

 

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