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Impressões de um Boticário de Província

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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Vai uma aposta 

que ninguém vai efectivamente preso ou até que alguém terá alguma suspensão da sua carteira profissional?

"Dois médicos, cinco delegados de informação médica e dois armazenistas entre os detidos" (link)

Pior ainda é que, seguramente nenhum dos envolvidos vai devolver nem de perto nem de longe aquilo que roubaram a todos nós. Os valores aqui envolvidos são escandalosos.
Em 2009, fiz um post " Delegados de Propaganda Médica - Um Imposto* que todos pagamos!" que deu que falar (ou comentar). A mensagem intrínseca desse post era exactamente isto que foi agora descoberto. Que os DIMs* são apenas os pivots de toda a promiscuidade e da corrupção no sistema de saúde. Para que mais serviria uma profissão destas?

* Mais uma vez reitero que a culpa não é do DIM, como pessoa individual que quer ganhar o seu e que apenas segue ordens. Muito mais culpa que eles têm a indústria farmacêutica, os médicos e farmacêuticos que deveriam ter outros padrões de ética.


Em jeito de contraste fica aqui este exemplo que aconteceu por estas bandas:

Pharmacist suspended for dishonest use of Tesco Clubcard

Adoro ver o rigor e eficiência com que a ordem dos farmacêuticos Britânica disciplina os seus profissionais. Toda a santa semana há farmacêuticos suspensos ou expulsos a título definitivo da profissão. E para isso não é necessário muito. Por exemplo basta ser apanhado a conduzir com excesso de álcool para ser suspenso da profissão.
Um farmacêutico com quem trabalhava uma vez por semana foi suspenso por 12 meses após ter levado "acidentalmente" para casa uma caixa de diazepam da farmácia onde era proprietário!Além de uma suspensão de 12 meses que ainda decorre e que poderá ser prolongada, viu-se obrigado e vender a sua parte da farmácia aos outros sócios.

O caso sobre o qual meti o link acima mostra bem o rigor e a autoridade do organismo regulador da profissão, Nesse caso o farmacêutico usou o cartão pessoal de pontos do supermercado (tipo cartão do continente) para acumular pontos em vendas de produtos da farmácia aos seus clientes. Estima-se que terá ganho um valor na ordem dos 25£ (!! uma fortuna portanto), o que lhe valeu uma suspensão da ordem dos farmacêuticos (e provavelmente danos posteriores para a carreira).

O moral desta história (e olhando ao nome desta farmacêutica) é que a chico-espertice portuguesa é uma estratégia que apenas compensa se aplicada dentro de fronteiras.

£25 vs €100,000,000. Vamos ver em qual dos casos a suspensão da carteira profissional será maior.

___________________________
Texto do Eugénio no migrant_script

Peliteiro,   às  23:09

Comentários:

 

Compreendo a mensagem que tentou veicular e concordo que de facto a regulação da profissão em Portugal, bem como a supervisão dos diferentes players do sector do medicamento em Portugal deixam muito a desejar. Não será culpa da maioria dos Farmacêuticos portugueses decerto.

No entanto, a bacoquice da figura do que vem de fora é que é bom, enquanto Português, causa me alguma espécie. Especialmente, sendo as justificações e os exemplos apresentadas como os mais correctos, justos ou detentores da verdade absoluta.

Em primeiro lugar, conforme é possível verificar na caixa de comentários da notícia da Tesco, a medida de coacção aplicada é largamente repudiada pela maioria. Duvido que representem a minoria silenciosa dos Farmacêuticos do GPhC, dada a injustiça e falta de bom senso. Não lhe chamaria autoridade e rigor, mas sim autoritarismo e excesso de zelo.

Em segundo lugar, a punição de actos ilicítos, contrários à ética profissional ou criminosos no contexto de trabalho devem ser adequadamente punidos (e sublinho adequadamente)e é de salutar. Congratular-se com a intromissão na esfera da vida privada é triste, nomeadamente no caso da condução com excesso de álcool (contra-ordenação ou crime que será julgado em causa e sede própria, parte do direito civil) e considerar que isso se deve reflectir de modo tão dramático (suspensão) na vida profissional do individuo vai contra os seus direitos naturais. A punição adequada deve sempre reflectir-se no contexto onde foi cometido o ilícito (ou seja na prática de condução). In extremis, deve-se aceitar que alguém que cometa homicídio qualificado, cumpra a pena imposta pela sociedade, e regresse à vida activa, não possa exercer profissionalmente mais que o cargo de pedreiro ou lixeiro (com o devido respeito para as profissões em causa)?

Em terceiro, irrita-me um emigrante falar de chico-espertice portuguesa, quando a chico-espertice britânica também grassa pelas farmácias britânicas, e muitas vezes são também os farmacêuticos britânicos que as sofrem na pele, principalmente nas grandes cadeias. Por isso deixe lá os moralismos, ou informe-se melhor do que se passa no seu país e no contexto da sua profissão. Como se fosse muito difícil retirar MSRM/POM (se esse colega foi apanhado ou é burro ou alguém "bufou", se calhar os mesmos que agora são sócios) de uma farmácia britânica sem receita, fazer exportação paralela ou utilizar esquemas de sobrefacturação de receituário. Mas se não conhece chico-espertos britânicos veja quem são alguns dos arguidos do caso Freeport por exemplo.

Por último, gosto especialmente da demogogia barata da frase final "£25 vs 100 000 000 €". Carvalho da Silva ou Louçã não teriam dito melhor.

 

 

 

Espero sinceramente que Portugal começe a adotar medidas punitivas celeres e exemplares, mas a todos os cidadaos.
Para mim, p.e. alegar doença para faltar ao trabalho voluntariamente também é fraude e deve ser punida celere e exemplarmente.
O nacional-porreirismo ou os brandos costumes dos portugueses sempre me incomodou.
Um terrorista em Portugal que tire a vida a uma multidão, de 10, 100 ou 1000 pessoas, tem uma pena maxima de 25 anos.
Proporcionalmente a fraude não deveria sequer incluir prisao efetiva. Deve haver coerencia e proporcionalidade.
# por Anonymous Carlos F : quinta-feira, julho 05, 2012

 

 

 

«veja quem são alguns dos arguidos do caso Freeport por exemplo.»

Caramba Austríaco, que mau exemplo para sustentar a sua tese; o caso Freeport ilustra precisamente a impunidade dos vigaristas portugueses: neste caso há corruptores mas não há corruptos!
# por Blogger Peliteiro : quinta-feira, julho 05, 2012

 

 

 

"Pharmacist Sofia Silva Brito Leonardo Rosa..."

Vejam bem, vejam bem. Típica chico-espertice 'tuga... Tramou-se! LOL!
# por Anonymous Anónimo : quinta-feira, julho 05, 2012

 

 

 

Aceito que o exemplo não seja o melhor,mas isso não retira validade à tese. Quem praticou a corrupção activa é um chico-esperto britânico. Pode ter sido dos ares do ALLgarve :)
# por Anonymous Austríaco : quinta-feira, julho 05, 2012

 

 

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