Apesar da má fama, este Governo não apresenta muitas medidas que façam jus à insistentemente repetida designação de liberal. A influência esquerdóide e a concepção centralista do Estado é omnipresente. Recebe-se então com agrado a notícia de que num futuro breve outros que não bombeiros e taxistas (?) poderão fazer transporte não urgente de doentes, desde que cumprindo requisitos de qualidade e segurança bem definidos (e fiscalizados, esperemos). Os bombeiros e os taxistas não concordam, obviamente, e provavelmente esta intenção não passará disso.
Já que estão com a mão na massa podiam liberalizar também os transportes públicos.
Realmente Zeca Afonso é um génio! Apesar da sua insistente atracção por amaricados cravos vermelhos, reconheço que não me canso nunca de o ouvir e mesmo as letras mais esquerdóides, cantadas por ele, são suportáveis e até fazem muito sentido.
Talvez, entre todas as que conheço, a minha música preferida, a que me diz mais:
Santiago de Compostela de bicicleta, desde São Pedro de Rates, em três dias e meio - relativamente fácil portanto -, de 21 a 24 de Junho, num memorável passeio de amigos.
Recentemente, sobretudo depois de 2007, da liberalização da propriedade de farmácia, surgiram no mercado da compra e venda de farmácias indivíduos ou sociedades destes que eram apelidados de "Investidores". Quem comprou a farmácia x foi um investidor, um economista de Bragança, pelo triplo da facturação, e a farmácia y outro investidor, um advogado de Coimbra, uns angolanos, uns galegos... Os investidores surgiam investidos de uma capacidade de gestão que escapava ao simples farmacêutico; os investidores julgavam que os farmacêuticos eram atrasados mentais desprovidos do sentido do negócio e que em duas penadas, com uns murros na mesa dos fornecedores, umas obritas, umas acções de merchandising combinadas com umas análises FODA e outros palavrões de economês, conseguiriam transformar qualquer botica numa árvore das patacas.
Hoje estão todos falidos.
Isso diverte-me ;)
Só quem não entra em farmácias é que não se apercebe da redução dramática da qualidade de serviço prestado nas farmácias. Há uma diferença nítida entre as farmácias antes de Sócrates e depois de Sócrates. Com todas as balburdias promovidas nos últimos anos (desde 2005) muita gente começa finalmente a compreender as diferenças entre má farmácia e boa farmácia. Bom proveito!...
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Suponhamos um doente crónico, um epiléptico por exemplo. Tem pesadelos e suores frios só de imaginar que o medicamento que toma todos os dias e lhe evita as convulsões pode esgotar na farmácia, como já aconteceu mais de uma vez. Como o medicamento é para ele gratuito, ou quase, - mas não para o Estado comparticipador - açambarca quanto pode. Açambarca ele, açambarca a farmácia, açambarca o armazenista (que também desvia stocks para exportação) e açambarca o laboratório importador. Então começa a ser frequente o doente crónico ir ao seu abundante espólio de medicamentos buscar uma nova embalagem e o prazo de validade estar já ultrapassado. Lixo com ela. Quanto gasta o SNS em medicamentos cujo destino é o lixo?
«No próximo dia 1 de março terá início a primeira sessão do curso online da OMS sobre "Introdução à investigação em segurança
do paciente/doente", que se propõe discutir as questões relacionadas com este
tema, especialmente no que diz respeito à compreensão da magnitude do problema
em hospitais e em organizações de Cuidados de Saúde Primários. O curso é constituído por 8 módulos/aulas em português com o objetivo de
apresentar os elementos essenciais da Investigação em Segurança do
Paciente/Doente. As oito sessões serão direcionadas a profissionais de saúde e
investigadores e serão apresentadas por especialistas brasileiros e portugueses
de renome internacional nesta matéria.»
Gratuito.
O oxigénio, um gás medicinal, é um medicamento. Dou um doce a quem me responder:
Quantos hospitais em Portugal tratam os gases como medicamentos, ou seja geridos na farmácia sob a responsabilidade de um farmacêutico e não no serviço de instalações e equipamentos sob a responsabilidade de um serralheiro?
No hospital de Chaves, onde se deu este acidente, o oxigénio era controlado por um farmacêutico ou por um serralheiro?
Em Portugal as leis são para inglês ver mas às vezes, tantas vezes, facilita-se e as tragédias ocorrem...
Nunca consegui entender este processo das farmácias nos hospitais. A tragédia era esperada, só lunáticos incompetentes como Correia de Campos não adivinharam o desastre. Durante o reinado socialista entendia que aquele que foi um dos projectos-bandeira do malquisto Sócrates não poderia ser comprometido, custasse o que custasse. Mas agora? Agora que até há a oportunidade política de demonstrar as falhadas políticas socialistas porque não se fecham esses malfadados estabelecimentos?
Além do mais, muito provavelmente se não se pagam as rendas, também não se pagarão aos fornecedores, nem aos farmacêuticos, pelo que o serviço prestado é passível de falhas e erros com consequências para a saúde pública.
Porque não se acaba esta pouca-vergonha e não se dá a oportunidade de exercer a quem paga as suas contas?
A Ordem dos Farmacêuticos - Porto, uma vez mais, promoverá um "Curso de Introdução à Homeopatia". A realização do curso em si já é controversa, mas a justificação adoptada pela OF é deliciosa: «A perspectiva inovadora e complementar da homeopatia e os seus métodos rigorosos e demonstrados...»
Relembro apenas uma decisão do Superior Court of the State of California relacionada com um medicamento do laboratório que "patrocina" o curso: «Oscillococcinum is nothing more than a sugar pill that Boiron falsely
advertise has the ability to cure the flu. In reality, Oscillo has no impact on
the flu or any symptoms that accompany the flu. (...) Boiron claim that
the active ingredient in Oscillo, Anas Barbariae Hepatis et Cordis Extractum, is diluted to 200CK. This dilution indicates that for every part of Anas Barbariae
Hepatis et Cordis Extractum in Oscillo, there is 1^399 parts of the inactive
ingredient, sugar. Written out in long form, this results in a ratio of 1:10 000
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Ainda, quando escrevo sobre a Boiron tenho sempre muito cuidado, não me vá acontecer o que aconteceu ao meu colega blogger italiano Samuele Riva que teve que enfrentar ameaças de acções em Tribunal por afrontar os interesses da empresa; ganhando a contenda naturalmente.
A influência esquerdista em Portugal é forte e omnipresente, mesmo em Governos ditos liberais. O Estado não pára de se meter onde não é chamado e dá sempre asneira. Mudámos o regime jurídico da farmácia porque era antiquado, salazarista, e é o que se vê, ziguezagues e remendos, tudo piorou! Agora vem aí mais uns iluminados:
Incompreensível a nomeação de Francisco Ramos para a presidência do IPO de Lisboa. Um dos principais responsáveis pela pré-falência do SNS, uma das personagens mais sinistras, retorcidas e traiçoeiras da política da saúde. Loja do bridge só pode ser.
Uma circular da ACSS garante uma compensação MUITO SUPERIOR à dos outros funcionários públicos.
Supostamente as horas extraordinárias deviam ser usadas em situações extraordinárias e não como forma de "compor" vencimentos. Até porque gera desigualdades injustas entre profissionais. Negociatas com as corporações.