Impressões de um Boticário de Província

José Manuel Silva, Bastonário da Ordem dos Médicos, fantasioso, numa entrevista ao Expresso:
«Portugal é dos países europeus onde se gasta menos em medicamentos per capita. O ministro informou que esta despesa nos hospitais aumentou , mas não disse quais foram as causas: se os doentes no ambulatório não estão a ser bem tratados porque não têm dinheiro para comprar medicamentos, descompensam e acorrem às urgências hospitalares para serem tratados onde não têm de pagar os medicamentos.»

Peliteiro, às 14:05

Comentários:

Interessante este apontamento bloguístico.
Ao contrário da opinião formulada, o Dr. José Manuel Silva tem toda a razão (embora reconheça a formulação empírica da mesma, insustentada) no que afirma. É um facto cada vez mais constatado que se recorre ao SNS para compensar os custos domiciliários, tal como os cidadãos que "avariam" o próprio automóvel para regressarem a casa, fazendo usufruto da "assistência em viagem". Grátis, portanto.
Não reconheço que em Portugal a política do medicamento seja assim tão defeituosa, reconheço sim o real abutrismo que caracteriza o sector.
É imoral (e lamentável) um blogue de um farmacêutico (penso que não estou a cometer um erro) teça comentários desta índole.

Miguel Cabrita, Urologista

# por

Miguel Cabrita : domingo, setembro 04, 2011

Também acredita no Pai Natal?
Justificar o descontrolo, de milhões, da despesa com medicamentos nos hospitais com doentes que «descompensam e acorrem às urgências hospitalares para serem tratados onde não têm de pagar os medicamentos» é, no mínimo, fantasioso. Tanto é que esse descontrolo não é de hoje.

# por

Peliteiro : domingo, setembro 04, 2011

Convém, Dr Miguel Cabrita, desagregar a despesa hospitalar (ambulatório vs internamento; medicamentos sujeitos a receita médica restrita vs medicamentos sujeitos a receita médica). Estamos a falar de internamento, de ambulatório hospitalar obrigatório devido a medicamentos sujeitos a receita médica restrita e não de medicamentos prescritos em consequência de episódios de urgência que não geram internamento ou de consultas externas que não agregam a si MSRMR.

F Batel Marques

# por

Vareja : domingo, setembro 04, 2011

Dr. Peliteiro, note bem: não é uma justificação, no sentido lato, do "rombo inerente ao medicamento", é apenas uma constatação, simples, que concorre para o grosso do problema. É uma parcela (grande ou pequena) do déficit.
O que o senhor fez foi deslocar e desfasar o sentido da afirmação. O Dr. José Manuel é um homem inteligente. Certamente que o Dr. Peliteiro não julga que um profissional desta índole acha que a raíz do problema está neste cenário... ou acha?

Miguel Cabrita

# por

MC : domingo, setembro 04, 2011

Eu não faço interpretações, não desloco nem centro afirmações, não leio sinais de fumo nem lanço conchas, limito-me aos factos e o que está escrito na entrevista é o que está escrito e nada mais.

# por

Peliteiro : domingo, setembro 04, 2011

No fundo estão ambos a dizer a mesma coisa, que o B.O.M. disse que a raíz do problema da despesa com medicamentos nos hospitais está numa causa que não é a verdadeira, quanto muito (não apresentou dados) é uma pequena parte da causa real.
Se foi ou não desonestidade intelectual, só o próprio B.O.M. poderá explicar.

# por

Anónimo : segunda-feira, setembro 05, 2011

Ainda ontem disse que a despesa com medicamentos subiu na última década por causa do aquecimento global e que desceu em 2011 por causa do anticiclone dos Açores. Mas sei bem que não é nada disso. Desonestidade intelectual para consumo popular, óbvio.

# por

Antão : segunda-feira, setembro 05, 2011

Um insulto à inteligência de qualquer pessoa minimamente informada, como já nos habituaram os bastonários médicos.

# por

Enf.ª Graça R. : segunda-feira, setembro 05, 2011

O que eu digo não é bem o que eu digo. Isto mesmo que escrevi agora não é bem o que parece.

# por

ASV : segunda-feira, setembro 05, 2011