«Num momento em que não existe respeito pelos profissionais de saúde que exercem a sua actividade profissional, transversalmente nas diferentes instituições de saúde Portuguesas, num momento em que não se perspectiva qualquer evolução nas carreiras, vivemos tempos de mentira, do “dito pelo não dito” e falta de seriedade pelas funções incumbidas aos altos quadros do Ministério da Saúde. Com efeito, serve o presente manifesto para declarar a falta de valores que assola a mentalidade do Ministério da Saúde e dos Conselhos de Administração Hospitalares. Nos hospitais, cada vez mais o enfoque é dado na rentabilidade, esquecendo o sentido de equidade e justiça distributiva, o respeito pelo trabalho físico e psicológico aí desenvolvido pelos diferentes profissionais. Com efeito, e no que diz respeito aos farmacêuticos hospitalares, quiseram os Conselhos de Administração de vários hospitais, com o seu sentido de oportunidade único, criar e tentar desenvolver uma falsa categoria para contratar farmacêuticos, que por motivos de única e exclusiva incompetência do Ministério da Saúde (que não abre vagas para o internato farmacêutico) não realizaram o estágio de especialidade de acesso à carreira dos Técnicos Superiores de Saúde - Ramo Farmácia, acessível por concurso público, aberto pelo Ministério da Saúde. ... Nos últimos tempos, a área do medicamento hospitalar ganhou grande atractividade por parte de vários profissionais sem competências para a mesma, contribuindo para a “salgalhada” e descontrolo orçamental das instituições. Em tempos, as Comissões de Farmácia e Terapêutica eram constituídas por médicos e farmacêuticos, que articulavam os seus saberes na avaliação dos medicamentos e terapêuticas farmacológicas a introduzir nas adendas ao Formulário Hospitalar Nacional dos Medicamentos. Actualmente, as mesmas são constituídas não só pelos elementos anteriormente referidos, mas também por gestores e responsáveis pelos aprovisionamentos hospitalares, que pela tremenda falta de conhecimento na área do medicamento, nada contribuem para a decisão eficiente e racional da gestão dos recursos farmacoterapêuticos disponíveis nas instituições de saúde, assumindo decisões de compra numa lógica apenas comparável à da compra de “arroz”. ... Como se explica ainda, que apenas após um incidente grave de um determinado Hospital, reparasse o Conselho de Administração da mesma instituição, nas limitações e carências graves dos procedimentos e do número de profissionais farmacêuticos aí a exercer, decidindo reforçar os serviços farmacêuticos da instituição com.... mais farmacêuticos. ... Os jovens farmacêuticos querem ainda deixar um alerta: será que as condições físicas e o número de profissionais de saúde envolvidos na preparação e administração de medicamentos, existentes nas diferentes instituições de saúde portuguesas são suficientes para assegurar a inexistência de risco para o doente e para os próprios profissionais de saúde? O Ministério da Saúde e o Infarmed estão ao corrente da grave carência de condições físicas em vários hospitais, no que diz respeito à preparação e manipulação de medicamentos destinados ao tratamento de doenças oncológicas? O Ministério da Saúde tem conhecimento que em vários hospitais a manipulação destes medicamentos não se restringe apenas aos Serviços Farmacêuticos? Quantos incidentes serão necessários para que o Ministério da Saúde e as autoridades competentes tomem as medidas correctas? ...»
No Hospital de St. Maria, apenas depois do incidente, resolveram contratar mais farmacêuticos e técnicos de farmácia! Infelizmente neste país apenas após os desastres alguém faz alguma coisa!!!
E depois temos uma Ministra da saúde miserável que apenas gosta de gaguejar para as objectivas das câmaras!
Totalmente solidário com estes Jovens Farmacêuticos. Para melhorar a actual situação só vejo um caminho:lutar, lutar, lutar... por aquilo a que temos direito e a Sociedade necessita - trabalho, muito trabalho executado por gente que se preparou cientificamente para o efeito. Abraço Farmacêutico.