Decididamente o Ministério da Saúde não contribuirá para o sucesso do plano de estabilidade e crescimento. O Ministério da Saúde dá dó de tão má governação.
Foram
hoje anunciadas, com pompa, as «
Dez primeiras medidas para uma gestão mais eficiente do SNS». Uma barrigada de riso, aliás como nos têm
habituado. Tão fraquinho!
Como o momento é grave analisemos e comentemos as intenções do Governo:
A. Medidas Institucionais
1. Plano de Redução de Despesa dos Hospitais E.P.E. e S.P.A.
Cada Hospital deverá apresentar ao Ministério da Saúde, no prazo de 20 dias, um plano de redução de despesas (...) (i) baixar, pelo menos, 5% a despesa com horas extraordinárias; (ii) baixar, pelo menos, 2% a despesa com Fornecimentos e Serviços Externos; (iii) Assegurar o cumprimento da meta orçamental de crescimento de apenas até 2,8% da despesa em farmácia hospitalar.
- Hilariante! E depois quem pagava as férias nas Bahamas? Não é para cumprir. Absolutamente. Nem nada que se pareça. Nem em 20 anos, quanto mais em 20 dias.
2. Guia de Combate ao Desperdício
Pretende-se uma poupança nas despesas correntes de cada serviço, excluindo pessoal, de cerca de 5%.
- Hilariante! Reduzir despesa e combater desperdício com o recurso de um guia de boas práticas. Nem nos escuteiros. Esta é mesmo de rir muito. Um guia? Nem num MBA de segunda categoria aceitariam este expediente.
3. Redução da Despesa dos Gabinetes do Ministério da Saúde
- Esta era fácil de executar, mas é preciso alguma coragem. Mesmo sendo fácil, não acredito que o façam.
4. Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, E.P.E. (SPMS, EPE)
- Agora julgam que descobriram a pólvora com a Central de Compras. Enquanto começa e não começa a funcionar já acabou o ano. Com mais umas armadilhas e uma infinidade de incompetências o tempo passa até um Ministro decidir fechá-la.
B. Medidas relativas a Recursos Humanos
5. Autorização prévia para contratação de profissionais nos Hospitais E.P.E.
6. Autorização Prévia da Contratação de Profissionais que já exerçam funções no SNS
- E os afilhados? E os Boys? E a filha do director que tirou um curso "da saúde"? E a do administrador? E os médicos que não há?
C. Medidas relacionadas com a Política do Medicamento
7. Mais e Melhor Informação na Receita Médica
A receita médica passará a discriminar a informação do valor que o utente pouparia se lhe tivesse sido prescrito um medicamento mais barato.
- Hilariante! Hilariante! Hilariante! Julgam que reduzem despesa de milhões e milhões - este ano num crescimento obsceno de 10% só porque colocam uma vinheta na receita a dizer que há um medicamento mais barato ou coisa parecida. Esta é mais que hilariante é estúpida. Muito estúpida! Como se pode ser tão cobarde e estúpido?
8. Redução do Preço das Tiras de Controlo da Glicemia para os Diabéticos
Redução imediata de 10% do preço das tiras de controlo da glicemia para os diabéticos
- Amendoins. É para fingir que se faz.
9. Redução do Preço de Medicamentos
Redução do preço dos medicamentos genéricos, com preços elevados na comparação internacional, começando desde já pelos genéricos mais vendidos: omeprazol e sinvastatina, cujo preço deverá ser pelo menos 35% inferior ao preço do medicamento de marca.
- Ena! Vão resolver um problema estrutural, complexo, profundo, apenas mexendo no preço dos genéricos de duas moléculas, o omeprazol e a sinvastatina. Os destinos de Portugal suspensos de estôgamos foleiros e do castrol alto. Para perceber esta medida devemos dar atenção a "começando desde já" - se houvesse intenção de afrontar a indústria farmacêutica não se começava "desde já" por 2 moléculas, começava-se por todas.
10. Auditoria à Despesa com Medicamentos
Reforço das auditorias da IGAS à despesa com medicamentos nos estabelecimentos hospitalares do SNS. Estas auditorias incluem o controlo sobre o registo e a distribuição gratuita de medicamentos.
- Auditem, auditem que bem precisam, mas o IGAS, enfim, coitados.
Só em 2010, estas 10 primeiras medidas contribuirão com 50 milhões de euros na redução global da despesa do SNS, que se pretende que seja de mais de 100 milhões de euros até ao final do ano.
- Vale uma aposta? Não me façam rir. A equipa ministerial é tão fraquinha e está tão desorientada, os dirigentes são tão incompetentes, os mesmos há anos e anos, o sector está tão cativo de interesses ilícitos, que aposto - a não ser que me chamem a mim para Ministro - que até ao final do ano não há redução de despesa nenhuma. Fica escrito.
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Não sei como é o PEC nos outros sectores, mas se for como na Saúde que avance sem perda de tempo o FMI, porque Portugal não tem salvação, Portugal não é um país viável.
Nota:
João Cordeiro usou a expressão hilariante - «É, no mínimo, uma solução hilariante e que não conheço em mais nenhum país» - para classificar a medida 7 de Ana Jorge. Juro que não é plágio! Hilariante realmente é uma palavra que se ajusta bem a estas ideias peregrina.Etiquetas: PEC à portuguesa