Presumo que na sequência da auditoria urgente que agora já não é urgente o Infarmed decidiu investigar o porquê de tanto consumo de dois medicamentos, o Clopidogrel (não Clopidrogel como escrevem os jornalistas) e o Omeprazol, que não têm consumo tão elevado em mais nenhum país da Europa.

A investigação do Infarmed nunca terá conclusões, são impublicáveis, pelo que deixo aqui umas luzes dedicadas a quem não está no sector:

1- O Clopidogrel com o nome comercial Plavix, também chamado como a "aspirina dos ricos", custa 51€ a embalagem de 28 comprimidos e o Estado comparticipa a 69%.
Basicamente, 1 comprimido destes equivale nos seus efeitos a 1/4 de uma aspirina; ou seja, 1 embalagem de Plavix tem um efeito comparável a 7 aspirinas. Perceberam ou faço um desenho?

2- O Omeprazol - o Infarmed "esqueceu-se" de investigar o conjunto deste e mais todos os seus gémeos: esomeprazol, lansoprazol, pantoprazol e rabeprazol - é um velho conhecido da despesa abusiva de medicamentos; já foi falado, por exemplo, em 2006, aqui.
É perfeitamente normal - é escandaloso também por ser tão descarado - que a mesma equipa médica que receitava durante 12 horas consecutivas o mesmo antibiótico, também receite em simultâneo omeprazol; e também se aparecer lá um Benfiquista com azia por causa de uma vulgar derrota; e também por tudo e mais alguma coisa, até se aparecer alguém com comichão no lado esquerdo da barriga. Claro que estas receitas são todas de omeprazol do laboratório Gamarfar. Só pode ser do laboratório Gamarfar! O farmacêutico não pode substituir, tem que ser do Gamarfar!
Há 15 marcas de Omeprazol com o preço de 52,61€ e muitas mais com preços aproximados; o Estado comparticipa a 69%. Perceberam ou faço um desenho?