Impressões de um Boticário de Província

Doa a quem doa

A Câmara Municipal da Póvoa de Varzim formalizou, esta manhã, a doação de um terreno à Santa Casa da Misericórdia local para a construção de um edifício ligado à área da saúde.

Uma boa acção da Câmara Municipal da Póvoa, por certo, mas confesso que tenho algumas dúvidas quando se tratam de assuntos deste género.
É inegável o importante papel social das Misericórdias, em particular na assistência na doença às populações mais desfavorecidas. As Misericórdias são instituições de utilidade pública mas de direito privado, não dependendo, portanto, de dinheiro público. O Estado Português tem um ministério a quem competem os investimentos na área da saúde - que por acaso não o tem feito - e as Câmaras, o poder local, está então dispensado de atribuições no sector da saúde.

Bem sei que a saúde na região, como no país, está uma lástima e o Ministério da Saúde nada faz: um hospital obsoleto, arcaico, bafiento, um centro de saúde sobrecarregado, com muitos doentes sem médico de família, e uma urgência caótica, em obras para albergar os doentes de Vila do Conde.
Mas com que direito uma Câmara Municipal, para a prossecução de uma actividade que não lhe diz directamente respeito, doa um bem público a uma instituição privada?

Peliteiro, às 23:49

Comentários:

Já passaram umas horas desde colocou aqui este post, e nem um leve sinal de apoio, ou de oposição. Correcta esta sua pertinência. Cobardemente iguais a si próprios, os poveiros.

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Anónimo : quinta-feira, dezembro 13, 2007

Um aviso oportuno e um alerta importante sobre um assunto que a todos diz respeito e, como tal, nos atribui a obrigação de continuar o seu trabalho, investigando. Falta conhecer as condições da "operação", incluindo em que âmbito foi efectuada.
Parece-me, mas não tenho a certeza, que uma tal doação tem que ter a aprovação da Assembleia Municipal, o que até agora não aconteceu.
Cumprimentos.

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Manuel CD Figueiredo : quinta-feira, dezembro 13, 2007

Julgo que aqueles que verberam o Estado por não apoiar a Saúde -lato sensu - deveriam apoiar sem reservas esta postura do Estado face ao sector Saúde.

De duas uma: ou a Santa Casa é uma entidade credível, digna de apoio, enquadrada no ordenamento jurídico e exercendo um papel social relevante, ou não o é.

Se é, deve ser apoiada sem reservas.
Se não é, deve merecer o repúdio do Estado.

Independentemente de se gostar ou não de quem lidera, dos métodos de gestão que usa ou do carácter teleológico -finalidades últimas- que prossegue, há que dar apoio a estes gestos de inegável valor comunitário.

Não é o filantropo Macedo Vieira que dá, é o Estado -CMPV- que dispõe de um bem público para satisfazer necessidades de interesse público.

Que a AM deva ser respeitada, muito bem. Que se passe por cima do seu "cadáver" é pouco respeitoso, no mínimo...

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José Leite : quinta-feira, dezembro 13, 2007

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Doa a quem doa

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