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domingo, 24 de junho de 2007

Estudo sociológico 

Durante um ano, desde o último solstício de Verão, efectuei um estudo relativo à felicidade aparente das pessoas.
O estudo foi efectuado durante as minhas caminhadas pela marginal em dias de fim-de-semana, feriados ou férias e quando o tráfego automóvel é de tal modo lento que possibilita uma análise do estado de felicidade dos passageiros.
Em 162 dias foram avaliados 9221 indivíduos transportados em 3425 automóveis.
Os indivíduos foram classificados quanto ao estado de felicidade que demonstravam em 5 categorias: eufórico; feliz; assim-assim; "de trombas"; desgraçado.

O estado anímico dos indivíduos foi relacionado com outras características observadas, objectivas e subjectivas. Em regra os resultados não são surpreendentes e correspondem ao esperado. Os níveis de felicidade são maiores nos dias de sol dos que nos de céu encoberto, maiores no Verão que no Inverno, maiores quando ela usa um decote generoso, etc., etc..

Mas há um resultado absolutamente inesperado e que por ter uma prevalência elevada pode ser facilmente confirmado por qualquer um dos leitores: Quanto mais fraco é o carro mais felizes são os passageiros.

Será uma má notícia para as grandes marcas do mercado automóvel mas geralmente as grandes máquinas transportam gente com um ar muito triste, lembro-me bem dos últimos carros que observei, um Mercedes S320 de Maio de 2007, o condutor aos berros, a mulher de fácies lívida e uma adolescente, feia, a choramingar; atrás um Fiat Uno de 88 com dois jovens casais de operários - uma festa.

Peliteiro,   às  23:54

Comentários:

 

Caro Mário,

Adorei este seu «estudo sociológico». Principalmente o seu carácter científico. Mormente nas variáveis utilizadas na leitura da amostra. Pena ter-se ficado, apenas, pelo universo do trafego lento. Creio que, se alargasse o seu estudo aos aceleras da marginal, as conclusões poderiam ser igualmente interessantes. Para além de, claro está, fornecerem uma maior mobilidade e endurance ao analista social.

Permita-me, então, o meu ponto-de-vista sobre a principal conclusão deste seu estudo. «Quanto mais fraco é o carro mais felizes são os passageiros». Pois bem, para mim, tudo terá a ver com a Euribor! Justifico. Os carros de maior cilidrada são, na sua maioria, diz-se, conduzidos por titulares de empréstimos. Geralmente, leasings. Que é algo que está ao alcance de qualquer empresário, ENI que seja. Desde os gerentes de quiosque e café, até aos barões, ou pajens, de qualquer indústria. Já os fracos (piores) são propriedade da malta com pouco tusto, mas que os compram, às vezes em 2ª mão, só quando têm massa para isso e, como tal, sem ficarem a dever nada a ninguém..

Voltando à Euribor e ás consequências do seu comportamento. Para quem não sabe, ou não quer saber, como será o caso dos donos dos carros «fracos», é a taxa de juro referencial do Euro.

Quando a Euribor sobe, por exemplo, o condutor do S320 vai junto à Igreja das Caxinas e encontra-se «eufórico» com o «decote generoso» que leva ao lado. Quando chega ao Caximar é certo e sabido que já desceu duas categorias, passando para o estado «de trombas» e sem que a dona (?) do decote tenha ganho nada com isso.

No mesmo sentido, os operários que conduziam «assim-assim» no Fiat Uno e dão boleia a duas miudas junto à Igreja das Caxinas, quando chegam ao Caximar, já estão «eufóricos». Não, evidentemente, com a Euribor, que não conhecem de lado nenhum, mas com as duas miúdas que lhes saiu em sorte.

Em conclusão e como diz o povo, de que não lembro a nacionalidade, «Em Mercedes que com a Euribor se compre, não há decote que não se trombe.»

 

 

 

Sim senhor, gabo-lhe a versatilidade; agora até faz estudos sociológicos !
# por Anonymous Anónimo : segunda-feira, junho 25, 2007

 

 

 

:)))
bem, este estudo, complementado com a reflexão sobre a Euribor do "Marx", está o máximo!
# por Blogger naoseiquenome usar : segunda-feira, junho 25, 2007

 

 

 

Parabºens meu caro. este estudo ºe excelente. Marx tem estofo para ser ministro da economia. analise racional, sobria e muita esclarecedora. Mas no sera a apologia do miserabilismo?
Do gºenero: "bem-aventurados os carros pobres pois deles ºe o reino da Felicidade!?

Dizer ao pagode que estºa bem na miseria pois a riqueza sºo dºa infelicidade? Era assim no antigamente. Agora a casste volta a ser usada para que se aceite com resignacao a fatalidade.
ºE discurso do antigamente: pobresinho e honrado ºe que ºe bom. Os ricos, de tao ricos sºo tem infelicidade, mais vale ser pobrezsinho ... mas feliz.

Se me enganei peco descurpas
# por Anonymous Anónimo : terça-feira, junho 26, 2007

 

 

 

Tambem costumo observar as fisionomias dos condutores matinais e tirei algumas conclusões diferentes das tuas:Tirando algumas excepções ,entre as quais me incluo(vou sempre a rir com as palermices,do meu programa de radio preferido),a maioria dos condutores matinais,incluem-se em dois grupos,os sonolentos e os maldispostos.
Ja ao fim do dia as categorias com mais "nomeados"são as dos apressados e gesticuladores....
# por Anonymous Anónimo : terça-feira, junho 26, 2007

 

 

 

É verdade que o estudo tem uma grande limitação.
Também ainda estou a aprender a ser sociólogo... Não me chamo Boaventura...
Limitação porque não diz qual o estado dessas pessoas durante a semana de trabalho, apenas durante um passeio junto à praia.

Quanto à apologia do "pobrete mas alegrete", bom, já tinha pensado nisso, precisamente enquanto escrevia essas linhas. Mas é assim mesmo, não consigo explicar, talvez seja da Euribor, como diz o Marx. Fica por explicar o porquê deste fenómeno. Aceito colaborações, claro.
# por Blogger Peliteiro : terça-feira, junho 26, 2007

 

 

 

prefiro o peliteiro como sociólogo no desemprego do que o boaventura ou esse do paquete.. que só dizem asneiras e tem bons tachos...e nunca se auto analizam quando são eles próprios a parte do problema...
# por Blogger renato gomes pereira : quarta-feira, junho 27, 2007

 

 

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