O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, afirmou hoje que o Governo quer aproximar cidadãos dos serviços de urgência.

Quando o Ministro da Presidência - já que Sócrates não pode apagar os fogos todos - é obrigado a explicar as supostas políticas do Ministro Contabilista da Saúde... É mau o prognóstico!

Confesso que nunca li, nem procurei ler, o relatório técnico sobre a reestruturação das urgências. Não valia a pena; a algazarra do segura-me senão mato-o deste Governo, como já bem sabemos, não dá em nada. O encerramento das urgências será adiado sine die.

Sei portanto relativamente pouco sobre o assunto. Ou melhor sei o que toda a gente sabe: os serviços de saúde, as urgências em particular, hoje, funcionam mal e os doentes esperam horas para serem atendidas; independentemente das distâncias e das capitações, encerrar serviços sem proporcionar mais recursos naqueles que permanecem abertos é, obviamente, má solução.
E todos sabemos que o Ministro Coveiro da Saúde se preparava para encerrar urgências sem compensar de alguma forma a capacidade de atendimento dos doentes.

Ou seja, acredito que se as populações soubessem, vissem, sentissem que existia de facto uma racionalização, uma planificação, com um reforço prévio dos serviços destinados a recebê-los, não haveriam estas manifestações e tumultos. Concretizando, se os Vilacondenses vissem que as urgências da Póvoa tinham sido remodeladas e apetrechadas de meios técnicos e humanos, que o tempo e o modo de atendimento era aceitável, então não seria a meia dúzia de quilómetros de distância, nem o bairrismo, que os fariam manifestar-se contra o encerramento da sua urgência. Por outro lado ao verem a urgência do Hospital da Póvoa tal como ela é - assustadora - sem sinais de melhoria, só podem ficar aflitos pela soma prevista de utentes.

Resumindo, um processo que poderá ter uma intenção de racionalização mas que tresanda a puro economicismo, atabalhoado, mal conduzido e explicado.
Duas notas finais:
a) É no Norte que se observa uma maior insatisfação das populações. Nesta como noutras questões às vezes é difícil não suspeitar que algumas regiões não são filhas mas enteadas.
b) As afirmações de Correia de Campos, «Tornou a sua própria vida (presidente da Câmara de Chaves) mais difícil ao contribuir para a movimentação contra o fecho das urgências e o Governo olhará de forma diferente para este caso», são gravíssimas porque denunciam uma forma de governar ignóbil. Pormenores de carácter já evidenciados na "luta" com a ANF - perdida felizmente - incompatíveis com uma postura de Estado e com o dever de serviço público.