O blog
POVOAONLINE decidiu solicitar às «
autoridades competentes» que investiguem as acusações difundidas por um outro blog. No caso, o
NAPONTADOCAIS. Ambos os blogs são, tanto quanto sei, anónimos. Um e outro reivindicam ser pasquins.
O POVOAONLINE faz um relato crítico dos assuntos mais candentes na política e sociedade poveiras, bem como das suas principais figuras. Mas fá-lo com alguma ironia e sentido de humor, construindo alguns bonecos que ridiculariza, à semelhança do programa televisivo
Contra Informação. Trata-se de um projecto colectivo e animado por diversos autores. Quem o lê, percebe que as baterias estarão claramente mais apontadas para o poder vigente (PSD), ou ausente (CDS) e muito menos para a actual minoria (PS). Amiúde, percebe-se, até, alguma conivência com a oposição.
O NAPONTADOCAIS é algo completamente diferente. Muito embora se reclame, também, pasquim. Na minha opinião, mal. A lógica dos antigos pasquins era a de, simplesmente, caluniar os
poderosos. Isto é, acusar, mesmo se sem provas. O que poderia ocorrer por razões perfeitamente circunstanciais. Muito embora
evidentes, não conseguiam obter provas do que escreviam. Ou, simplesmente, porque não acreditavam que a justiça pudesse condenar os
culpados. De antemão, dados como
protegidos. Ora, creio que não tem sido esta a óptica do autor, ou autores, deste último blog. Pretensamente escrito por uma mulher, idosa e semi-analfabeta. Por isso escreverá com erros e utilizará expressões «
do povo», a que repetidamente diz pertencer. Numa encenação reconstruída e que creio ser falsa.
As confidências que ali faz e divulga provirão dos círculos do poder na cidade. Daí a proximidade das denúncias, bem como o enfoque recorrente nos
poderosos e suas famílias, que
manipulam constantemente os bastidores da governação e dos negócios na Póvoa. Anteriores e actuais, uns e outros pretensamente inimputáveis e unidos numa amálgama de interesses e conveniências históricas, que o blog se prestaria, agora, a justiçar. Utiliza uma linguagem crua, directa e de apelação fácil aos instintos mais básicos. Rasca, portanto. Faz pretensas «
revelações», bem como ameaças de que saberá muito mais, sem que se perceba, muitas vezes, a importância das «
revelações». Dispara em todas as direcções e deixa no ar avisos a potenciais detractores para eventuais
telhados de vidro. Estejam no poder ou, curiosamente, na oposição. Tem alvos permanentes, contra quem demonstra um espírito persecutório e de antecipado linchamento público. E pormenoriza castigos com detalhes que chegam a resvalar para a esquizofrenia. Rigorosamente. Não acusa, insulta. Não questiona, denigre. Não prova, rebaixa. Tanto o que poderia ser considerado de interesse público como o que é estritamente privado. Sem quaisquer tipo de contemplações. Antes, até, com evidente deleite.
Concedo que o POVOAONLINE, enquanto assumido pasquim, seja um projecto
sério. Porque a forma como se
atira aos assuntos e às personalidades visadas é, de certa forma,
construída. Muitas vezes transformando-os em personagens, que depois encenam ao sabor da imaginação dos autores. Pelo que julgo que deverá ser lido e contextualizado na mesma óptica em que os autores se têm colocado. Pelo contrário, o que creio ser já condenável, é o aproveitamento que querem agora fazer da fidedignidade das informações vertidas em NAPONTADOCAIS. Neste caso, os autores do POVOAONLINE colocam-se na situação de quem quer atirar a pedra mas receia pelas consequências. Por isso se prestarão agora a empurrar o
parceiro blog, no que aparenta ser uma demonstração de ajustamento de propósitos. Com manifestos intuitos políticos. No que fazem lembrar as notícias de deficientes apanhados a atear fogos nas florestas. Esquecendo-se, aparentemente, de que as «
autoridades competentes» costumam desvalorizar os pirómanos e acusar os mandantes.
Concluo com mais uma opinião pessoal. Numa sociedade da qual, constantemente, se diz em crise de valores, não será surpreendente que blogs como o NAPONTADOCAIS tenham plateia garantida. E, pelos vistos, será o mais visitado em toda a blogosfera poveira actual. No que tem sido aproveitado pelo seu autor, ou autores, para justificar a bonomia dos seus propósitos justicialistas. «
Não sou dono da moral dos outros» é uma das expressões mais (mal) utilizadas ali. No que concordo plenamente. Na expressão. Naturalmente, porque donos seremos, apenas, da nossa própria moral. Daí sentir-me impelido a considerar que o que se tem escrito em NAPONTADOCAIS é desprovido de qualquer valor. Moral, ético, cívico, artístico, cultural ou, de qualquer forma, civilizacional. Tratando-se, neste sentido, de um blog simplesmente pornográfico.
«Considera o que se diz e não te preocupes de saber quem o disse» (Tomás de Kempis, Imitação de Cristo, Capítulo 5, nº1)