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Amanita muscaria

Impressões de um Boticário de Província

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domingo, 27 de agosto de 2006


«Quanto ao primeiro tópico, e tentando encurtar razões o Ministério da Saúde detectou deficiências na qualidade da água do mar impeditivas do seu uso em várias praias e determinou a correspondente interdição, decisão que indicia algo de grave. Para localidades que vivem do turismo balnear, operando em ramos de negócio onde a competição é feroz e se amealha para todo o ano nos meses de Verão, notícias como esta constituem uma machadada grave e podem ser fatais para a imagem de um turismo em que é essencial a qualidade, isto é, bom ambiente e saúde pública.

«Há produtos com características semelhantes, onde a confiança do consumidor é determinante. Recordemos as questões pontuais de qualidade ameaçadoras da imagem de marcas conhecidas de alimentos para bebés, produtos farmacêuticos ou águas minerais; detectado o problema, houve que definir as atitudes compatíveis com a salvaguarda do prestígio da "marca", a prioridade atribuída à saúde do consumidor e a reposição da confiança impedimento imediato do acesso ao produto defeituoso (retirando os respectivos lotes do mercado), reforço e publicitação das verificações realizadas e melhoria do controlo; tudo com a ideia subjacente de que, corrigidos os erros, o produto fornecido adquira uma fiabilidade acrescida.

Com as devidas adaptações, uma estratégia deste tipo poderia ter sido usada no caso vertente mas, não querendo fazer apreciações concretas, não foi infelizmente ao que assistimos. O "cliente da praia" foi confrontado com resultados contraditórios de análises, tentativas de desacreditação de responsáveis, acalorados debates na imprensa local e regional ou discussões sobre zonamentos, num processo em que escasseou a informação sobre qualidade da água que obrigatoriamente deveria ser disponibilizada aos utentes. Conclusão aumentou-se a dimensão mediática do problema e instalou-se a dúvida e o descrédito nos cidadãos. E se, havendo quem atribua o hastear da bandeira vermelha a motivos "políticos", alguns optaram pela "verdade" da bandeira verde ou pela resignação, outros pensaram que nada prova que não seja a bandeira verde a ter por detrás pressões locais para salvaguardar o negócio da estação, colocando em último lugar o interesse da sua saúde e da dos seus filhos; optarão, deste modo, por mudar de praia para não correr riscos numas férias curtas e em que o dinheiro não abunda, o oposto das intenções que justificavam a polémica.

Quanto ao segundo tópico, e independentemente de gestões pontuais, a verdade é que há uma questão estrutural de qualidade da água na zona de Vila do Conde/Póvoa de Varzim que não ficará resolvida enquanto o tratamento dos esgotos destas já grandes urbes não passar para a primeira linha da prioridade política. Bastará consultar o site do INAG-Instituto da Água para se perceber quanto o país tem requalificado as suas águas balneares em 2006, pouco mais de 2 em cada 100 praias não têm qualidade de água conforme para a prática balnear quando, em 1993, eram 42 em cada 100 as praias com água imprópria; e, neste registo de desconformidade, já não figuram praias da Região Centro nem do Alentejo, sendo mínimos os problemas ainda existentes no Algarve e na zona de Lisboa e Vale do Tejo; a persistente falta de qualidade concentra-se, pois, no Norte, sobretudo em praias das zonas de Matosinhos/Porto e Vila do Conde/Póvoa.

Volto ao âmago do tema em zonas cujo dinamismo económico depende do turismo de praia, tratar das componentes urbanísticas (com qualidade, reconheça-se!) e descurar a qualidade da água é "dar um tiro no pé", é minar as bases do futuro. Sem querer explorar aqui as causas da actual situação, a única estratégia inteligente, na linha de encontrar uma oportunidade em cada revés, é aproveitar a mediatização para lançar publicamente um novo objectivo do tipo: "uma bandeira azul para cada uma das praias problemáticas em 2010". E assim, se finalmente as prioridades se corrigirem, talvez ainda venhamos a bendizer as salmonelas de 2006!
»

Nota: Sublinhados meus.

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Peliteiro,   às  23:32

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