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Amanita muscaria

Impressões de um Boticário de Província

Desde 2003


quinta-feira, 31 de março de 2005

Papas de sarrabulho 

Classifico as papas de sarrabulho em duas categorias: as de Famalicão e as de Braga. As primeiras são fitas à base de farinha milha; as segundas com pão.
As melhores papas de sarrabulho de Famalicão são as da minha mãe. As melhores papas à moda de Braga são as do Pedro.

O Pedro agora tem um blogue, o Culinária daqui e dali.... Já tinha escrito um livro sobre cozinha e cozinhados; bom; esperemos que o blogue seja uma fonte de boa inspiração culinária...

Peliteiro,   às  23:31
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segunda-feira, 28 de março de 2005

Raízes 

Há uns anos atrás, alguns traços de personalidade do meu pai , julgava eu, eram completamente diferentes dos meus.
Lembro-me bem como não conseguia compreender aquele nervoso miudinho que lhe causava dores de estômago e vontade de roer as unhas - fosse ao fim de um dia de trabalho, fosse num jogo do FCP. Eu não, era descontraído, nada me afectava - fosse um exame, fosse uma declaração falhada. Hoje, tenho muitas dores de estômago e, não roendo as unhas, dou por mim a contrair os maxilares incessante e repetidamente. Herdei o tal nervoso miudinho!
São os genes.

Não são só os genes que se herdam, também às origens dificilmente conseguimos fugir.
Lembrei-me disto ao ver umas fotos do Prof.º Nuno Grande, do "Abel Salazar". Um homem com valor, gosto dele. E lembro-me dele mais novo, com um ar cosmopolita, um homem do mundo, das palestras, dos congressos, dos jornais. Agora, com o passar dos tempos, parece um senhor de uma aldeia de Vila Real de Trás-os-Montes.
Talvez nunca tenha deixado de o ser.

Peliteiro,   às  23:24
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Lopo de Carvalho 

Este fdsp (fim de semana prolongado em linguagem msn, sabiam?) esqueci-me dos meus livros.

Quando saio de casa levo sempre uma catrefada de livros. Depois leio pedaços de cada um e nunca mais os acabo. O "O fim da história" do Fukuyama é um destes clássicos, com mais de um ano de vida, pela certa. Mas desta vez, a meio da viagem, dei conta que não levava nenhum. Desgraça. Como me hei-de arranjar. Férias estragadas.

Ainda procurei uma livraria em Prado e depois em Amares - em vão. Só roscas de pão-de-ló.

Restava-me o magro "Expresso" e a mala de estudo: outra relíquia que, sinal de boa vontade, acarreto para todo o lado. Desta feita, levava uma matéria abjecta mas que preciso aperfeiçoar: mensurandas, erro máximo admissível, tolerância, incerteza, variâncias e covariâncias. O "Expresso" ainda foi, as variâncias vieram como foram.

Entretanto, encontrei um livro abandonado e esquecido, o " Acidentes de Percurso" de uma senhora Lopo de Carvalho. Um exemplar da chamada literatura de chá e torradinhas. Vamos lá a isso. Até condirá bem com o aconchego da época Pascal. Muito bem, sim senhor, esta parte é fraca, esta também, ai que sono, até que chego a um trecho crucial para o desenrolar da história:

"- Cuidado...
O Francisco suspenso. O eco a remoer as palavras... não chegamos lá... tarde, demasiado tarde.
- Cuidado... Cuidado... Cuidado...
Rápido como um relâmpago, o Mercedes, que leva o Francisco e a Ana a casa, derrapa numa poça de água. Um pesado aguaceiro molha Lisboa desaguando na Segunda Circular. Tenta travar. Cuidado! Rodopia. bate no separador central. Capota uma vez. Cuidado! cambalhotas e piruetas num número infernal, diabólico. Duas e três voltas sufocadas num irreparável desconcerto.
Imobiliza-se vinte metros à frente.
Cuidado... o eco de novo, não chegamos lá.
Um barulho estonteante e brutal afoga as palavras, descaracteriza o eco, o som esvai-se atordoado e caprichoso.
Fica o ferro. Travões. A guinchar. A gritar. Socorro."

Cuidado, cuidado, cuidado, o pai atirou com um livro para a lareira!

Peliteiro,   às  22:29
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A saúde na blogosfera 

A ler, na biblioteca on-line de ciências de comunicação da Universidade da Beira Interior um interessante estudo, de João Canavilhas, com o título "A saúde na blogosfera Portuguesa".
O "Impressões de um Boticário" surge como um blogue de referência, o melhor de todos, o mais fundamentado e actual.
Mentira.
Mas o estudo é interessante.

Peliteiro,   às  22:19
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domingo, 27 de março de 2005

Voltei 

Depois de um breve período de silêncio e ausência, regresso à blogosfera.

Infelizmente sem grande inspiração...

Peliteiro,   às  23:53
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segunda-feira, 21 de março de 2005

Bolkestein 

Para aquecer a discussão sobre medicamentos e Farmácias - o assunto preferido dos Portugueses - vem aí a directiva liberal Bolkestein.

O que vale é a nossa defesa pelo Bloco de Esquerda: "A obsessão liberal pela competição quer exportar para o centro as piores regulamentações hoje existentes."

Farmacêutico unidos, assinem a petição em Stop Bolkestein.

Peliteiro,   às  23:28
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Prós e contras 

Interessante o debate.

O ódio. A ira. A radicalização de posições. Isto é que é interessante num debate.

Peliteiro,   às  22:53
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Duas secas 

Isto está mau.
Perdemos porque fomos roubados. O árbitro é um ladrão racista.
Mas o campeonato será nosso.

Peliteiro,   às  22:42
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domingo, 20 de março de 2005

Chuva 

Hoje, soube-me bem, depois de um bom banho turco, sair e sentir a chuva, fria, tocada a vento, molhando-me.

A vida é rica quando variada.
Às vezes sucessos, outras insucessos.
Estes nunca sabem bem. Não são como a chuva em tempo de seca. Saciedade e fome; prazer e dor. Ciclos da vida. Tempo de recomeçar.

Memória e esquecimento.

Peliteiro,   às  22:36
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Marcelo 

Marcelo aparecia em nossas casas, Domingo à noite, como um convidado a quem se tratava com uma certa deferência, e que, bem educado, simpático, de uma forma jovial e descontraída nos ia oferecendo as suas opiniões.
Éramos todos velhos amigos.

Agora, em vez de um serão temos um programa de TV.
Uma Ana entrevista um Marcelo. O Marcelo bem tenta libertar-se; Ana não deixa, ela é que conduz!

Até quando?

Peliteiro,   às  22:07
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quinta-feira, 17 de março de 2005

Cicuta 

A umbelífera bisanual Conium maculatum L., da Europa e Ásia temperadas, espontânea nas margens dos campos, dos rios e caminhos, nos entulhos e muros junto das habitações, surge com frequência em Portugal, por todo o país, onde a conhecem pelos nomes vernáculos de cicuta, cegude e ansarinha malhada. É uma planta de 4 a 12 dm de altura, herbácea, fétida, frequentemente maculada de vermelho na base dos caules e pecíolos (origem do restritivo específico).
Interessam-nos particularmente os frutos, que constituem o fármaco denominado cicuta. - diaquénios sub-globosos, comprimidos lateralmente, de 3 a 4 mm de comprimento, formados por dois aquénios quase sempre separados, com cinco costas salientes, branco-amareladas, inteiras ou ondulado-crenadas (carácter pouco aparente nos frutos secos), valéculas largas, estriadas, carpóforo livre, bifendido. Cheiro nauseoso, realçado por esmagamento em presença dos álcalis; sabor desagradável, nauseoso, acre.
Usam-se as folhas, ramos floridos e os frutos; preferem-se estes, dada a maior riqueza e constância de valores de alcalóides.
Colhem-se ainda verdes, período que corresponde à maior riqueza de princípios activos; secam-se ao ar, ao abrigo da luz e conservam-se em vasilhas bem fechadas. Recomenda-se renová-los anualmente.
No exame microscópio dos frutos distinguimos: epicarpo de paredes externas espessadas. Mesocarpo de células poliédricas, as mais profundas maiores, alongadas, de paredes desigualmente espessadas, as laterais e interiores mais grossas e coradas de amarelo; pequenos feixes líbero-lenhosos. Endocarpo constituído por uma única fiada de secção transversal quadrada, também de paredes espessadas desigualmente, mais as laterais e internas.
A semente compõe-se de um tegumento muito simples, que envolve os restos do perisperma ou albúmen nuclear constituído por células achatadas; segue-se, depois, o endosperma secundário ou albúmen, muito desenvolvido, formado de paredes espessas que contêm óleo, aleurona e pequenas maclas de oxalato de cálcio. Na face comissural, o endocarpo penetra profundamente no albúmen.
Nos frutos verdes, num estado prematuro de desenvolvimento, observam-se pequenos canais secretores no mesocarpo, porém, desaparecem durante o amadurecimento.
Os alcalóides localizam-se no pericarpo e ainda no tegumento, mas em particular nas camadas internas do mesocarpo e no endocarpo. Não existem no albúmen nem no embrião.

Reconhecem-se alguns alcalóides de núcleo piperidina, de estrutura muito simples. Predomina a D-conicina (também designada por coniina ou cicutina), cerca de 90% do total dos alcalóides, identificada com a alfa-propil-piperidina - líquido incolor, volátil, de cheiro viroso e propriedades básicas fortes, um pouco solúvel na água fria mas menos a quente; facilmente solúvel no álcool (o melhor solvente) e nos solventes orgânicos Com os ácidos formam-se sais cristalinos: o cloreto dissolve-se no clorofórmio.
A L-conicina, de propriedades análogas, aparece em escassas percentagens.
Estes dois isómeros (justificados pelo carbono assimétrico da molécula) consideram-se venenos violentos.
A gama-coniceína é a desidroconicina (pode obter-se por oxidação parcial da DL-conicina) - líquido oleoso, volátil, ligeiramente solúvel na água, de reacção alcalina forte. É o segundo alcalóide representado nos frutos com cerca de 9%; os restantes completam a totalidade.
A N-metil-conicina, com os seus isómeros D- e L-, encontram-se em pequenas percentagens.
A conidrina ou oxiconina, (2-alfa-piperidil-propanol-1, com a configuração eritro) é uma base forte, cristalina, fixa mas sublimável, pouco solúvel na água, facilmente no clorofórmio e melhor no álcool. Conhece-se também a respectiva cetona denominada conidrinona (1´-oxoconicina).
A pseudoconidrina (5-hidroxi-2-propilpiperidina), isómero de posição da conidrina, difere só pelo lugar do hidroxilo no núcleo; possui propriedades análogas. Aparecem em quantidades pequenas na cicuta.
Atribui-se a origem destes alcalóides aos ácidos caprílico e 5-oxocaprílico, isolados já na cicuta e que contribuem para o seu odor próprio. Uma transaminase existente na planta transforma o 5-oxocaprilaldeído, também denominado 5-ceto-octanal, na conicina e alcalóides do seu grupo, a conidrinona e a gama-coniceína.
Os alcalóides encontram-se combinados, na planta com os ácidos málico e cafeico sob a forma de sais fixos; se porém esmagarmos os aquénios em presença de um hidróxido alcalino, libertam-se os alcalóides líquidos que se revelam logo pelo cheiro viroso desagradável, que lembra a urina dos gatos.
Podem isolar-se os alcalóides graças a propriedades que o seu estado líquido lhes confere. Assim, extraem-se pelo éter em meio alcalinizado pelo hidróxido de sódio; purificam-se por passagem ao estado de sal solúvel na água e recuperam-se depois em meio alcalinizado. Submetidos à destilação fraccionada separam-se as fracções sucessivas: a 165º a fracção que contém principalmente a conicina; a 169º - 173º a gama-coniceína, e ainda um pouco de conicina, mas é possível isolá-los por cristalização fraccionada dos cloretos na acetona; a 173º-174º principalmente a N-metil-conicina, que se purifica por intermédio do brometo; finalmente no resíduo acumulam-se a conidrina e a pseudo-conidrina.
A cromatografia substituiu os métodos primitivos. Os maiores sucessos forma colhidos pela cromatografia na fase gasosa.
Além dos alcalóides já referidos, identificaram-se outros constituintes dos frutos da cicuta: flavonóides (diosmósido, luteolina-glucósido) comuns na sfolhas e nos frutos, lactonas derivadas da psoralena (bergapteno, xantotoxina), ácidos málico, cafeico e clorogénico, essência, óleo contendo petroselínico e fermentos.

A conicina actua como paralisante das zonas motoras do cérebro e espinal-medula (e até dos músculos voluntários e diafragma) produzindo, primeiro a paralisia da parte inferior das pernas, depois dos braço e por fim do tórax, da respiração, provocando a morte por asfixia. Os alcalóides actuam, portanto como paraliso-motores neurais; também sobre as terminações dos nervos sensitivos e por isso determinam acção analgésica.

Peliteiro,   às  23:17
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quarta-feira, 16 de março de 2005

Explicações 

Anteontem tinha prometido não voltar ao tema das Farmácias.
Continuo a pensar que tudo isto não passa de uma campanha política que há pouco tempo caracterizei aqui como sendo ao estilo "au au": os políticos pegam num osso, os jornalistas atiram-no e nós, os cachorrinhos amestrados, vamos buscar o pau, com latidos de satisfação e abanar a caudinha, au au...
Não é de facto por causa dos políticos que me envolvi nesta discussão de tolinhos e que me levou a escrever sobre ela tantas vezes - e hoje de novo!

Mas a verdade é que esta questão me irritou. E é isto que queria explicar, sem segundas intenções, e sem mandato de ninguém.

São três as ordens de razões, do mais geral para o mais particular:

a) Acredito que a venda dos MNSRM em hipermercados, gasolineiras, tascos, mercearias, é má para os Portugueses. Os Ingleses e os Americanos é que estão errados - não nós! Por razões de saúde pública, pela banalização dos medicamentos, porque os benefícios não superam os potenciais prejuízos. Acredito também que o regime da propriedade e da instalação - um dos temas que surge por arrasto - está correcto tal como está (embora seja imperioso abrir concurso para muitas mais Farmácias - não se admite estar de serviço uma só Farmácia ao fim de semana na Póvoa seja Inverno ou seja Verão - e obrigá-las a abrir por um período mais longo de tempo. Já discorri sobre estes assuntos inúmeras vezes aqui e não é altura de repetir toda uma argumentação.
Admito que esteja errado ou tenha uma perspectiva deformada. Mas são convicções, e convicções defendem-se.

b) Acredito que estas medidas avulsas e mal planeadas serão um rude golpe para a profissão Farmacêutica. Uma classe que ao longo do tempo vem participando cada vez mais na promoção da saúde em Portugal - seja pela excelente rede de distribuição construída, seja pela notória melhoria dos serviços farmacêuticos propriamente ditos, ou pela intervenção na educação das populações em saúde e na profilaxia da doença, ou ainda pelos programas desenvolvidos (seringas, diabéticos, valormed, metadona, hipertensão...) - vê agora desbaratado este meticuloso trabalho e remetido para um qualquer sector de uma mercearia ou quiosque.
Não é uma questão de vaidade. Entenda-se antes como uma severa perda de dignidade profissional. Sou Farmacêutico e considero essa situação degradante, revoltante.

c) Acredito que a maior parte dos Portugueses - pelo menos ao que se lê - é favorável ao estripamento em praça pública da classe Farmacêutica. Lobistas, monopolistas, sugam o dinheiro do povo... Nunca imaginei que tivéssemos uma imagem tão má, tão execrável. Culpa nossa, seguramente!
E nisto, erradamente talvez, vejo uma ingratidão que pessoalizo, erradamente talvez, já que ao longo de alguns anos de exercício tantas vezes procurei ajudar tantos. Mesmo na perspectiva económica, muitas vezes recusei vendas, muitas vezes desaconselhei compras. Tenho a consciência de que - sem querer ser piegas que não sou nada dessas coisas - ajudei muitas pessoas, aconselhei-as o melhor que sabia e podia, trabalhei para elas e agora descubro que, afinal, elas me viam como um vampiro, sempre com o intuito de lhes sugar mais umas moedas.

E pronto, já desabafei, já me sinto melhor, para isto é que serve um blogue - melhor ficaria se esmurrasse as ventas a alguns blogadores e comentadores de blogues mas isto passa.

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Peliteiro,   às  23:53
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terça-feira, 15 de março de 2005

Aleitamento Materno 

Sabe, parece-me que o meu leite é fraco, se calhar ele não fica satisfeito, está tão pequenino, tem gases, tem prisão de ventre, não tem, tenho que ir de férias, faz-me cócegas nos mamilos...

Tantas vezes dissuadi mães de, ao primeiro contratempo, abandonarem o aleitamento materno.

Não se precipite, não compre, olhe que não há leite como o da mãe, vá aqui à Maternidade, fale com as Pediatras.

Parvo!

Peliteiro,   às  22:25
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Inter - Nacional 

Isto está mesmo a correr mal!

Já não bastava o Sócrates, agora fica-me a memória de Adriano...

Peliteiro,   às  22:09
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segunda-feira, 14 de março de 2005

Não falo mais nisto 

Prometo que não escrevo mais sobre o assunto das Farmácias e dos MNSRM. Dou por encerrada a contenda. Os políticos é que sabem...

Para os indefectíveis da liberalização, vou apenas dar dois exemplos de actividades que formalmente são de livre propriedade e de livre instalação, mas que de facto não o são:

As gasolineiras - Hoje, pelo que sei, qualquer um pode ser dono de uma, desde que cumpra uma série de requisitos na instalação. Um processo complexo e exigente. Como deve ser!

Os Laboratórios de análises Clínicas - Hoje, qualquer um pode ser dono de um, desde que cumpra uma série de requisitos de instalação e de pessoal técnico. Um processo complexo e exigente. Como deve ser!

Então porque não posso eu abrir uma gasolineira ou um Laboratório de Análises Clínicas (até tenho título de especialista e tudo) ?

Porque há uma série de barreiras à entrada! Porque se eu, Jorge Mário, chegar junto das entidades competentes, e não tiver uns contactos, deixam-me a secar pelo menos 5 anos! E não há plano de investimentos que resista a esta teia.

Este sim, é um sistema realmente revoltante, porque ficam os potenciais investidores atados a uma trama de favores, pedidos, influências, cunhas, golpes e contragolpes. Por isso é que se diz que quase todas as gasolineiras abertas nos últimos tempos são de gente ligada ao poder autárquico ou poderes próximos e os Laboratórios de Análises são de grandes grupos "da corda".

Portanto, a liberalização, em Portugal, nem sempre é muito liberal!

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Peliteiro,   às  23:59
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O Público 

O jornal "O Público" recebe entusiasticamente a ideia dos MNSRM vendidos nos hipermercados.



Claro, não fora Belmiro dono, também, de uns hipermercados. Óbvio.

Por outro lado, foram entrevistar uns Farmacologistas que não vêem nenhum problema em que tal aconteça. Sem o mínimo de reservas!...

Claro, está na hora de escolher a equipa dirigente do Infarmed, e já que não devem ser Farmacêuticos, serão, com certeza, Farmacologistas.

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Peliteiro,   às  22:17
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Blog This! Estarreja Efervescente, A vingança serviu-se fria

Como é fácil de adivinhar, fiquei em estado de choque com o anúncio da passagem da venda de medicamentos não sujeitos a receita médica das farmácias para "outros estabelecimentos que não farmácias". Trata-se de uma medida completamente despropositada, tecnicamente errada e politicamente miserável, pelas razões que passarei a expor.
A ideia é completamente despropositada porque não há nenhuma boa razão para retirar esses medicamentos das farmácias:
- Não existem problemas de acessibilidade às farmácias (que estão abertas 24 horas e existem em todo o país, ao contrário, por exemplo, das grandes superfícies...);
- A lei obriga a que os preços desses medicamentos sejam marcados pelos seus fabricantes e não pelas farmácias, pelo que mesmo que a sua venda seja feita noutros locais, o preço ao público será o mesmo - a única diferença será provavelmente na muito maior margem de lucro que os grandes grupos conseguirão negociar com os laboratórios e que as pequenas farmácias não conseguem;
- Em Portugal não há problemas de acesso ao medicamento. Os mesmos medicamentos existem nas mesmas quantidades e ao mesmo preço em todo o país, 24 horas por dia, 365 dias por ano. Somos (éramos?) considerados um dos países europeus mais avançados nesta área. Os problemas do sector da saúde em Portugal não têm nada a ver com a possibilidade de se encaixar mais meia dúzia de aspirinas no meio dos sacos de arroz, fruta, bifes ou papel higiénico. Estudos recentes demonstram que o grau de satisfação da população com os serviços prestados pelas farmácias ronda os 95%.
Ou seja, não havia uma necessidade de uma medida como esta no nosso sistema de saúde.
Para além disso, esta medida é tecnicamente errada porque:
- Ao contrário da ideia que alguns têm tentado fazer passar, a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias não existe "em todos os países desenvolvidos". Aliás, antes pelo contrário: as excepções são os EUA (reconhecidamente um dos piores sistemas de saúde do mundo...) e o Reino Unido. No resto da Europa a legislação é semelhante à portuguesa. E nos países em que se vendem medicamentos nos supermercados existem vários estudos científicos sérios que demonstram o que intuitivamente todos os que trabalham na área da saúde sabem ser óbvio e inevitável: o uso inadequado de medicamentos não sujeitos a receita médica é um problema de saúde pública, com graves consequências quer para os doentes individualmente, quer para o próprio sistema nacional de saúde, que depois gasta mais alguns milhõezitos de euros a tratar todas essas doenças iatrogénicas. Ou seja, estamos a importar um problema de saúde que em Portugal tinha até agora pouca expressão;
- Esta medida não representa qualquer poupança para o estado: os medicamentos em causa não são comparticipados e o seu pagamento é feito integralmente pelos utentes.
Ou seja, não há uma razão técnica que possa justificar esta lei.
Por último, o carácter politicamente miserável deste acto:
- O principal motivo porque o povo português deu a José Sócrates o poder absoluto foi a saturação da política de soundbytes e medidas avulsas de Santana Lopes. E começar o mandato desta forma é um péssimo sinal: Sócrates não falou de medidas globais para resolver os problemas do crescimento da despesa do estado com a saúde, das listas de espera nos hospitais e centros de saúde, da falta de médicos, etc. Simplesmente atirou para o ar uma "balela" para distrair a opinião pública, ganhar popularidade, dar imagem de "político que enfrenta os interesses corporativistas" e não resolver problema nenhum. Ou seja, Sócrates começa o mandato a fazer precisamente o mesmo tipo de actos que custaram o despedimento ao seu antecessor...
- Para quem acompanha de perto as questões das políticas de saúde uma medida como esta não é, de modo algum, uma surpresa, sobretudo depois que se soube o nome do ministro da saúde. Correia de Campos tinha sido o pai da peregrina e ridícula ideia das "farmácias sociais", a que a ANF erradamente reagiu de uma forma que, embora fosse totalmente legítima, era claramente demasiado agressiva e impetuosa. O PS perdeu as eleições, a questão saiu dos jornais com a concessão de algumas farmácias às misericórdias e nunca mais ninguém falou no assunto. Mas ficou o rancor pessoal de Correia de Campos, reconhecidamente um grande especialista na área da Economia da Saúde, que havia sido publicamente ridicularizado pela ANF. Ao chegar ao poder, Correia de Campos induz Sócrates a tomar uma medida que ele sabe perfeitamente que não vai resolver nada e que visa apenas ajustar contas com o seu passado recente. Depois de termos tido um ministro que foi demitido por mudar a lei para que a filha dum colega entrasse na universidade, temos agora outro ministro que muda a lei para se vingar pessoalmente de toda uma classe profissional (sim, porque isto não afecta apenas os farmacêuticos proprietários de farmácias), num acto que ainda por cima terá consequências negativas para a saúde pública. Para estes senhores, a lei é um mero objecto do qual eles se podem servir para resolver os seus problemas pessoais - a esquizofrenia do poder na sua versão mais crua.
Para concluir, as consequências de tudo isto:
- Em termos imediatos, as farmácias serão muito pouco afectadas por esta medida. Os medicamentos não sujeitos a receita médica representam cerca de 8% do total de vendas das farmácias. Mesmo que se percam 4 ou 5% destes para outras superfícies, os valores serão negligenciáveis, sobretudo se comparados com o crescimento anual de 12% ao ano dos medicamentos sujeitos a receita médica, "herdados" da aplicação das leis de Luís Filipe Pereira;
- Uma das questões que está realmente em causa com este disparate legislativo é o prestígio da profissão farmacêutica, que arde em fogo lento em fóruns TSF e artigos de jornal. Os farmacêuticos têm uma licenciatura de 5 anos mais 6 meses de estágio com um grau de especialização e conhecimento sobre medicamentos muitíssimo mais evoluído e complexo que os proporcionados por qualquer outra licenciatura e sinceramente não mereciam, enquanto classe, esta falta de respeito. Sinceramente, é isto que me custa mais: Correia de Campos quis vingar-se de alguns farmacêuticos proprietários de farmácias e acabou por iniciar uma autêntica vaga de fundo contra uma classe profissional, a qual está a ser miseravelmente aproveitada por outros intervenientes com interesses no sector;
- Tal como disse atrás, não acredito que Correia de Campos seja tão ingénuo como poderia parecer a partir da simples análise avulsa desta medida. O que verdadeiramente se está a pretender desencadear é um processo de liberalização selvagem do mercado das farmácias, com a inevitável invasão do sector pelas multinacionais que já operam noutros países, cuja análise deixarei para outra oportunidade. No entanto, não deixa de ser irónico que um governo de um partido supostamente esquerdista como o PS acabe por ser o responsável pela medida mais neoliberal dos últimos tempos no sector da saúde!

// posted by Vladimiro Jorge @ 2:59 PM

Peliteiro,   às  22:08
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Peliteiro,   às  13:21
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domingo, 13 de março de 2005

Blog This! Blasfémias
Em breve numa farmácia perto de si

O hamburger prejudica gravemente a saúde. A venda descontrolada de hamburgers é um crime. A venda de hamburgers deve ser reservada a técnicos especializados, como os farmacêutico, conhecedores da composição química dos alimentos e capazes de saber o que é melhor para as pessoas. As farmácias devem ter o monopólio da venda de hamburgers. Deve ser exigida receita médica.
Joao Miranda at 22:57 Blasfeme aqui

Peliteiro,   às  23:08
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Liberalização ! 

Se Sócrates - no discurso de tomada de posse do seu Governo, ao anunciar a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica em mercados que não o farmacêutico - pretendia emitir um sinal de aviso às corporações e interesses instalados neste país, bem pode ter-se enganado.

O facto é que pela irrelevância do assunto, logo as corporações e os interesses (e os tontos) ultrapassaram o tema e atingiram o objectivo que realmente lhes interessa: a propriedade da Farmácia.

Já aqui falei várias vezes sobre a propriedade da Farmácia e sem me querer repetir, apenas refiro dois pontos:

1- A propriedade da Farmácia em Portugal, seguindo o espírito de "não há farmácias, há locais onde os Farmacêuticos exercem a sua profissão" não é exclusiva deste país. O regime de limitação à propriedade e à instalação de Farmácia é comum a muitos países, nomeadamente na comunidade Europeia*.

2- A liberalização da propriedade da Farmácia e a liberalização da instalação de Farmácia (conceitos muitas vezes confundidos, misturados e mal usados) interessa, do ponto de vista económico, essencialmente às grandes companhias da Indústria e da Distribuição Farmacêutica - a primeira mais que a segunda, claro. A verticalização do negócio é o grande objectivo a atingir - afinal o mundo é cada vez mais dos grandes grupos económicos.
Se algum dia isso acontecer não se cometa a ingenuidade de pensar que a assistência medicamentosa às populações melhorará ou embaratecerá.

Então, acredito que Sócrates, foi infeliz no exemplo que pretenderia asséptico - gerador de ruídos inconsequentes que lhe prolongassem o estado de graça - e deu um grande passo em direcção ao vespeiro da guerra das influências, dos interesses e dos lobis. Dos lobis à séria!


* Assim como não é verdade que na Comunidade Europeia a norma seja a da venda dos MNSR em circuitos não farmacêuticos.
** Veja-se a pronta reacção dos velhos aliados, a Ordem dos Médicos. Afinal não é a Indústria quem lhes paga as viagens e os casamentos da filhas?

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Peliteiro,   às  22:38
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sábado, 12 de março de 2005

Comunicado da Associação Nacional das Farmácias 

Venda de medicamentos nos Hipermercados

1. A venda de medicamentos não sujeitos a receita médica fora das Farmácias, leia-se nos Hipermercados, foi a única medida concreta anunciada hoje pelo Senhor Primeiro-Ministro no discurso de tomada de posse do 17º Governo Constitucional.
A Associação Nacional das Farmácias considera que é no mínimo surpreendente a prioridade política nacional atribuída a esta medida.
O País tem graves problemas estruturais para resolver em vários sectores, nenhum dos quais teve honras de anúncio concreto de qualquer medida no mesmo discurso. Pelo contrário, anunciou-se uma medida que nunca, em momento algum, foi reclamada pelos Portugueses, em particular os doentes.

2. Os medicamentos não são bens de consumo corrente e a promoção do seu consumo prejudica a população e prejudica os doentes.
Todos os estudos internacionais demonstram que os medicamentos devem ser apenas dispensados em locais que garantam a máxima confiança e sob aconselhamento directo de Farmacêuticos.
O uso racional dos medicamentos é uma preocupação de saúde a nível mundial, em particular nos países que mais liberalizaram a distribuição e que estão agora preocupados com as consequências de políticas entretanto condenadas.
Está demonstrada a perigosidade do consumo indiscriminado de medicamentos. Ainda recentemente, um estudo inglês evidenciava a relação entre o acesso simples a alguns medicamentos em Hipermercados e a sua utilização para cometer suicídios.

3. O nosso sentido de responsabilidade obrigar-nos-á a informar os Portugueses sobre as consequências das medidas que este Governo, ou qualquer outro, quiser implementar no Sistema de Saúde.
É isso que faremos sobre a anunciada transferência da venda de medicamentos das Farmácias para os Hipermercados.

4. O Senhor Primeiro-Ministro foi indiscutivelmente mal aconselhado em relação às expectativas que os Portugueses têm demonstrado quanto à reforma da Saúde.
A transferência da venda dos medicamentos das Farmácias para os Hipermercados não consta, entre as prioridades da população, dos doentes e dos técnicos, em nenhum estudo nacional sobre o Sistema de Saúde.

5. O anúncio precipitado da intenção do Governo só pode ser entendido como uma tentativa de cilada aos Farmacêuticos portugueses para os utilizar como uma cortina de fumo.
O Governo, que tem maioria absoluta, não vai poder responsabilizar os Farmacêuticos pelo incumprimento do programa de reformas de que os Portugueses e o País tanto anseiam.

6. O Senhor Primeiro-Ministro poderá continuar a contar com o patriotismo e o sentido de responsabilidade da Associação Nacional das Farmácias e dos Farmacêuticos.
Desejamos as maiores felicidades ao Governo e disponibilizamo-nos para apoiar todas as suas iniciativas que sejam úteis a Portugal e aos Portugueses.


Lisboa: 12 de Março de 2005

Peliteiro,   às  20:52
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Sócrates e a aspirina 

Tenho estado a ver o relevo dado ao anúncio da medida que permite a venda de medicamentos fora das Farmácias.

Realmente o que estou a tentar perceber é qual a mensagem, subliminar, que Sócrates pretendeu transmitir, já que o assunto, por si, é absolutamente irrelevante para os Portugueses. Ridículo até, introduzir um tema tão pequeno num discurso de tomada de posse de um Governo.

Assunto menor até para os Farmacêuticos, sublinhe-se. A facturação de uma Farmácia em medicamentos de venda livre - mais correctamente MNSRM - é perfeitamente desprezível.

Sampaio, ao lado, olhou de soslaio para o homem e emitiu um quase imperceptível esgar de significado incerto. Sampaio esta semana puxou as orelhas aos médicos a propósito dos genéricos. Os interesses das corporações. Os interesses dos políticos.

Confesso, não percebo nada.

Como Farmacêutico só peço uma coisa: façam lá o que tiverem que fazer, mas façam-no rapidamente e de uma só vez, porque nós os profissionais de Saúde precisamos de estabilidade para trabalhar, para investir e para ajudar os Portugueses a terem uma vida melhor. Nacionalizem as Farmácias, liberalizem o sector como ansiosamente deseja Vital Moreira; mas já! Pessoalmente estou farto deste navegar sem rumo. Definam-se senhores políticos. Vá, coragem, nós não mordemos.

Peliteiro,   às  20:18
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Abuso de poder e excesso de zelo 

Ontem á noite, a propósito de uma qualquer prova automobilística, cortaram o trânsito na zona à beira mar da Póvoa.
Não avisaram os moradores, não trataram de estacionamentos alternativos, nada, o desprezo habitual pelo cidadão contribuinte.

Centenas de viaturas estacionaram de forma irregular, em sítios inimagináveis. Muitos eram de moradores que se viram impedidos de o fazer nas suas próprias garagens.

Eu, chegado de trabalhar, surpreendido pela barafunda, dei voltas e mais voltas até encontrar um buraco que me pareceu não prejudicar ninguém nem não estar sujeito aos instintos predadores da polícia. Eram 20:30.

Hoje no fim do almoço fui buscar o carro. Tinha desaparecido! No mesmo sítio estava um carro mas não era o meu. Fui de imediato à Polícia participar do roubo. Vim a descobrir que tinha sido rebocado pelas 20:40, pela Polícia Municipal.

Fiquei indignado! Como se não bastasse o abuso de me impedirem de regressar a casa depois de um dia de trabalho, por causa de uma corrida de carros em plena cidade, ainda me rebocaram o carro de um sítio que serve de estacionamento todos os dias (foto) e sem qualquer sinal de proibição.

O que pode fazer um cidadão contra estes abusos de poder e contra o excesso de zelo dos justiceiros municipais? Advogados, tribunais, processos?

Nada como um blogue para destilar a bílis...

Peliteiro,   às  19:41
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Sócrates e a aspirina 

Blog This! Blasfémias

e o meu comentário:

O assunto das Aspirinas num discurso de tomada de posse de um governo parece-me muito mau indicador - o país debate-se com problemas um pouco mais graves.

Quanto à venda nos supermercados de medicamentos, três breves opiniões:


1- O facto de o que quer que seja se fazer nos EUA não quer dizer que seja bem feito. Os EUA têm uma taxa de doença iatrogénica altíssima; os suicídios com o insuspeito paracetamol são "normais".

2- O preço dos medicamentos em Portugal é fixo. Logo não haverá redução de preço. Mas se houvesse, poderia acontecer o mesmo que se verifica com o preço dos óculos, das próteses auditivas, do material ortopédico... Especulação, incerteza, exploração dos que mais precisam. O regime dos preços fixos nos medicamentos - de venda livre ou não - destina-se a proteger os doentes e não os interesses das Farmácias.

3- Todos falam de medicamentos mas poucos falam com conhecimento. É um assunto muito sério e complexo. Um país de bitaiteiros...
Boticário Homepage 03.12.05 - 5:48 pm #

Peliteiro,   às  17:54
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Os terríveis Farmacêuticos 

Blog This! O VILACONDENSE: ladrões armados fogem à frente de farmacêutico, no Barreiro.

Peliteiro,   às  17:41
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quinta-feira, 10 de março de 2005

Pensamento do dia 

Como é possível que no horário nobre da televisão passe os Batanetes?

Mal por mal, prefiro o O exorcista em 30''!

Peliteiro,   às  23:24
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quarta-feira, 9 de março de 2005

A lógica da batata 

Para todos os possíveis interessados, informo que se encontra aberto concurso para a abertura de 3 novas Farmácias, lá para Sul, a saber, Tunes, Altura e Rogil.

Francisco Ramos, um dos futuros secretários de Estado da Saúde, é apologista do aumento do número de Farmácias em Portugal. Foi Francisco Ramos quem desceu a capitação necessária para abertura de Farmácias em localidades com 4.000/1,2 eleitores (curiosamente esta portaria foi publicada em 22 de Outubro de 1999 e as eleições legislativas tinham sido em 10 de Outubro, estando o Governo em gestão, portanto!!!).

Correia de Campos, o futuro Ministro da Saúde, ficou conhecido, também, pela defesa aguerrida da abertura das, ditas, Farmácias Sociais.

Espera-se então que nos próximos anos o número de Farmácias, em Portugal, aumente de uma forma muito significativa!


Errado! Completamente errado! Por muito que o defendam, já sabem por experiência própria que mais Farmácias é mais consumo de medicamentos e consequentemente mais despesa pública.
Portanto, tão cedo não teremos mais boticas novas...
A não ser, claro, põe-se sempre essa hipótese, afinal está-lhes no sangue, são socialistas, a não ser numas negociatas com uns amigalhaços.

Peliteiro,   às  23:53
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terça-feira, 8 de março de 2005

Pindéricas 

Bem sei que há múltiplas maneiras de gastar dinheiro e que cada um o gasta como quer.
A propósito do dia da mulher ouvi umas quantas senhorecas, exibindo colar de pérolas, anel de diamantes e mercedes à porta a queixarem-se das tarefas domésticas, da louça para lavar, do fazer as camas, do cozinhar...
Vendam o mercedes e contratem uma empregada. Ou duas!

Peliteiro,   às  23:23
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Dimensões 

O Infarmed disponibilizará on-line a partir de 1 de Março (!) informação sobre a ruptura de stocks de medicamentos.
Informação de grande importância para os doentes assim como para os farmacêuticos e os médicos.

Será interessante, neste sítio, observar um curioso fenómeno: a predominância das rupturas nas embalagens "pequenas"!

A adequação da dimensão das embalagens de medicamentos tem sido uma preocupação do Ministério da Saúde. É preocupante a quantidade de medicamentos que neste país são desperdiçados, com prejuízos avultados para os doentes, para o Estado comparticipador e também para o ambiente. E se alguns defendem, quando se aborda esta questão, a prática arcaica (mesmo que utilizada em alguns Estados anglo-saxónicos, não deixa de ser arcaica e tendendo para o desuso, por questões de segurança e de higiene) da unidose no ambulatório a verdade é que a solução para o desperdício passa pela dispensa a cada doente de uma embalagem com a dimensão aproximada às suas necessidades terapêuticas.

Às vezes os problemas resolvem-se com soluções simples. E claro, observando que todos os que podem lucrar com subterfúgios cumprem as regras do jogo,

por exemplo:

Laboratórios que sistematicamente não colocam no mercado embalagens "pequenas" de um determinado medicamento:
suspensão da A.I.M. desse medicamento durante 6 meses.

Médicos que sistematicamente escrevem no local da dimensão da embalagem um gatafunho que quer dizer embalagem "grande":
proibição do exercício da medicina durante 6 meses.

Farmácias que sistematicamente interpretam um gatafunho qualquer do médico com sendo embalagem "grande":
encerramento da farmácia durante 6 meses.


Mas isto nunca acontecerá...

Peliteiro,   às  23:20
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Chelsea 4; Barcelona 2


Contra factos não há argumentos: Mourinho, the best!

Peliteiro,   às  22:11
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Na frente 

Farmacêuticos sempre à frente no sector de saúde!
Veja-se este artigo da APCER:
Na área da Saúde, a APCER foi já responsável (dados a Janeiro 2005) pela certificação de cerca de 30 farmácias e mais de 40 laboratórios de análises clínicas, para além de outras entidades/serviços nesta área, nomeadamente, o Hospital de Santa Maria do Porto, o Serviço de Imuno-Hemoterapia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, os serviços de patologia Clínica e de Imuno-Hemoterapia do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa e da Sociedade de Gestão Hospitalar, o serviço Central de Esterilização do Hospital S. João de Deus, o Instituto de Radiologia Dr. Pinto Leite, o Departamento de Radiologia da Prelada e, naturalmente, estes serviços da Unidade de Saúde de Matosinhos, entre outros.
70 a 10!

Peliteiro,   às  19:05
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sexta-feira, 4 de março de 2005

Fumo branco 

Más notícias: temos governo!

Nem me parece mau de todo. Espero que tenha sucesso - sinceramente. É bem preciso!

Duas antipatias apenas:
Freitas do Amaral, o verdadeiro revira-casacas, um mercenário; grande lata!
Correia de Campos, que homenzinho repugnante e desprezível.

Peliteiro,   às  22:46
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quinta-feira, 3 de março de 2005

Regressão na carreira 

Emanuel Pires é Administrador Financeiro de uma importante empresa da indústria alimentar. Tem 60 anos. Quase na reforma. Quase. O filho mais velho está a fazer um pós-doutoramento nos Estados Unidos; o outro está na faculdade, numa privada caríssima, pior, para o ano vai para o Erasmus, em Roma; a filha mais nova, a que veio fora do tempo, está ainda no liceu, gasta a mesada toda - e não é pouco - em roupas e acessórios de moda - quer ser modelo!
O Dr. Pires já não tem a energia de antes, já não consegue fazer directas atrás de directas a preparar relatórios, balanços e balancetes. O que agora lhe dá prazer é o golfe - sempre que pode, não resiste e lá passam mais umas horas por entre tacadas.
Sente que as suas opiniões já não são ouvidas como dantes, no tempo da ditadura do director financeiro, quando era respeitado como ninguém, lá na empresa. Sente que o Dr. Gustava lhe vai roubando, todos os dias, uns milímetros do seu território. O rapaz, de facto é bom. É trabalhador como poucos, relaciona-se bem na equipa, tem uma formação sólida, MBAs e pós-graduações, inteligente, sóbrio e discreto - não o suficiente para não se saber que é muito mais que Adjunto do Administrador Financeiro. Todos sabem que o Dr. Gustavo está mais que preparado para fazer o dobro do que faz o Dr. Pires, por metade do ordenado.


Se procurarmos no google a expressão «progressão na carreira» verificam-se mais de 11.000 entradas; se procurarmos «regressão na carreira» chegam os dedos da mão para as contar.


A demografia está a mudar. Longe vão os tempos em que os activos se reformavam aos cinquentas, longe vão os tempos em que os filhos, por essa idade estavam criados e os encargos mais pesados de uma vida estavam amortizados. Felizmente, longe vão também os tempos em que um indivíduo com 50 anos era um quase velho e a esperança de vida era escassa.
Mesmo que a experiência seja um bem precioso no mercado de trabalho, todos sabem que a energia e o voluntarismo se vão perdendo com o tempo. As capacidades de trabalho vão-se esfumando e a própria vontade também se distrai com os pequenos prazeres da vida.


Quinze anos depois, o Dr. Pires continua na empresa, agora com 75 de idade. Aceitou e negociou uma Regressão na Carreira. É agora assessor do Dr. Gustavo! Com toda a dignidade e sem humilhações. Ele ouve-o muito e aprecia-lhe a sensatez e a experiência. O Dr. Pires também dá apoio ao departamento Comercial - agora comandado pela filha mais nova -, na área dos grandes clientes. Trabalha a um ritmo adaptado à sua vontade. Aceitou uma Regressão na carreira sem mágoas e sem dor. Aliás como vários dos seus parceiros de golfe...

Peliteiro,   às  22:36
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Ingratidão 

Há muito tempo, um casamento numa quinta. O caseiro, o Alcino andava atarefado a colocar umas lâmpadas, uns focos, armado em electricista.
O Alcino, incauto, junto ao depósito de gelo, chão molhado, tenta fazer mais uma instalação eléctrica. A festa começa daqui a pouco.
Estas coisas só acontecem aos outros. Ficou "agarrado" ao cabo eléctrico. Contorcia-se como se possuído pelo demo, com os olhos revirados, desorbitados, o cabelo espetado pela estática...
Os convidados de copo na mão, não sabiam bem o que fazer.
Chamem os bombeiros, salta e dá-lhe um empurrão, o que havia de nos acontecer, vai buscar um pau, uma escada, umas botas de borracha.
Então eu, calmamente, como num filme, pouso o meu copo de Blood Mary, e seguro e ágil como um lince da serra da malcata, simplesmente, desligo o cabo da fonte de energia.
Está morto, não respira, não tem pulso!
Saiam daí, não teve tempo para morrer, e ágil e seguro como um lobo ibérico salto-lhe a dois pés para cima da caixa torácica, uma, duas, três vezes.
- Alcino estás bem? Água lisa ou com gás?
- Doi-me o peito...
- Deixa lá, isso passa, metes uma baixa e aproveitas para tirar um curso de electricista.


Há uns dias atrás encontro o Alcino, numa feira de agricultura biológica, em Amares.
- Belos brócolos Alcino, quanto custa um kilo?
- Dois euros.
- Muito bem, pesa-me aí um kilo bem pesado.
- Gosto em ver-te.
- Igualmente - diz o Alcino.


Já não me lembrava da história do choque eléctrico. Recordaram-ma hoje ao jantar.
Então salvaste-lhe a vida e ele nem te fez um desconto nos brócolos?

Peliteiro,   às  00:23
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terça-feira, 1 de março de 2005

H5N1 

Convém estar atento a este assunto: A provável pandemia de Gripe.


Ao jantar, aqui os rapazes, perguntaram-me o que é isso da gripe das aves, a que se fala na TV. O que lhes disse foi, mais ponto menos vírgula, o que passo a escrever e que pode aproveitar - sem pretensões de pedagogo, logicamente - a quem tiver filhos pequenos:

A gripe é uma doença vulgar - ainda há pouco tive gripe, lembram-se? - mas que pode ser uma doença muito séria! Mas hoje há muita gente a trabalhar, em todo o mundo, cientistas, de modo a prevenir que os vírus nos colonizem e nos tornem doentes.

O vírus da gripe, ou vírus da Influenza Humano classifica-se em dois tipos, A e B, por causa de duas substâncias existentes na sua "pele", chamadas «antigénios de superfície», a Hemaglutinina (H) e a Neuraminidase (N).

Nos dias de hoje, o Influenza A apresenta-se sob a forma de 2 subtipos muito activos, diz-se então que são «epidemiologicamente importantes», o H3N2 e o H1N1 (este causou a gripe espanhola, em 1918, nos finais da 1ª grande guerra, e atacou em todo o mundo, mais ou menos ao mesmo tempo; foi aquilo a que se chama uma «pandemia», com 20 milhões de mortos, mais do dobro de todos os Portugueses e para aí o triplo dos adeptos do FCP).

Uma das características do vírus da Influenza é ele disfarçar-se constantemente, ter muitas formas. É muito astuto. Geralmente são disfarces pequenos, são os «movimentos antigénicos», «alterações antigénicas menores», o que explica porque todos os anos as vacinas da gripe são diferentes, tem «composições antigénicas ajustadas».

Sendo este vírus instável e manhoso por vezes pode transfigurar-se, assim como um travesti, pode sofrer «mutações» grandes, significativas, súbitas, aparecer sob uma nova forma, completamente desconhecida.

Nestes casos os nossos corpos não o reconhecem e portanto não o atacam, ao malandro, o que lhe dá a possibilidade de se desenvolver e de nos causar a doença. Neste caso, claro, sendo ele de um subtipo novo, não há vacinas preparadas para o combater. Uma maçada...

Isto acontece raramente, de muito longe a longe, mais ou menos de 30 em 30 anos (a última aconteceu quando eu era da vossa idade). Agora nós estamos mais preparados, temos mais hospitais e mais medicamentos; mas por outro lado há aviões e TGVs e carros que lhe podem dar uma boleia rápida para todo o planeta e, também, as pessoas vivem mais juntas, em cidades, trabalham em escritórios fechados, e são umas mariquinhas sempre com o aquecimento central ligado.

Ou seja, pode ser que um novo subtipo de gripe apareça por aí, em força, os estudos dos cientistas apontam para isso. Mas não há que ter medo, só cuidado. (Já sabem como são os jornalistas, aumentam tudo, não liguem muito ao que ouvem na TV. Se calhar um dia destes ainda inventam uma falsa pandemia. Temos que filtrar bem aquilo que eles dizem, como deviam ter feito na história do "aqui vem lobo").

Até já há um suspeito, como nos filmes, é o Influenza A, do subtipo H5N1, conhecido como o vírus da gripe das aves, ou vírus avícola, que foi encontrado em Hong Kong; mas, como nos filmes, o suspeito nem sempre vem a ser o culpado.

Bom, vamos vendo, de qualquer das maneiras a sopa está a arrefecer, têm que comer bem, muita fruta, muita sopa, alface, cenoura, deitar cedo, abrir as janelas do quarto pela manhã para arejar, lavar as mãos muitas vezes, essas coisas, para estarmos bem fortes e para que nem vírus nem coisa nenhuma nos venha a adoentar.

Peliteiro,   às  23:47
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Blasfémias 

A Blasfémia é a melhor defesa contra o estado geral de bovinidade

Parabéns pelo primeiro aniversário e desejo da continuação de muitos sucessos.

Peliteiro,   às  19:52
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Lusomundo e Olivedesportos 

Nada mau para quem há meia dúzia de anos andava a pendurar cartazes nos campos de futebol.

Peliteiro,   às  00:03
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ARQUIVOS

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