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Amanita muscaria

Impressões de um Boticário de Província

Desde 2003


sexta-feira, 28 de novembro de 2003

Monos 

Mais uma semana mais um "Crossfire". O destino não me livra destes dois monos.

Peliteiro,   às  00:05
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quinta-feira, 27 de novembro de 2003

Manelinho a Presidente, já! 

Os meus ministros preferidos são a Manuela Ferreira Leite e o Bagão Felix.
Acho muito bem que mudem as regras das reformas dos funcionários públicos (têm que ser iguais às nossas) e das baixas médicas de curta duração (têm que acabar as mini-férias em Benidorm e os fim de semana prolongados).
A Dra. Ferreira Leite devia ser ainda mais dura e impôr a ditadura do Ministério das Finanças para acalmar as fúrias despesistas deste país. Além disso o Manelinho, amigo da Mafalda, devia ser nomeado para Secretário de Estado ou para Presidente do Tribunal de Contas.
Manelinho

Peliteiro,   às  23:48
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Desgraça 

Vou passar a noite de Natal a trabalhar! Que desgraça!

Peliteiro,   às  23:28
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Congressos 

Este fim de semana realiza-se o Congresso Nacional dos Farmacêuticos 2003.
Eu não vou!

Peliteiro,   às  23:24
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Avarias 

Estou com alguns problemas aqui com o servidor do Blogger. Ontem, mais uma vez não consegui editar textos. Está a ficar teimoso ou preguiçoso...

Peliteiro,   às  23:20
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quarta-feira, 26 de novembro de 2003

Casa da Música 

Vou comprar um violoncelo Stradivarius e um violino Capela para os meus filhos começarem a aprender musica.
Mentira! Ninguém faz isso. A não ser que seja milionário ou então, completamente desmiolado.

Em Portugal é que se fazem coisas dessas. Por exemplo, constroi-se uma casa da musica numa das zonas com o m2 mais caro do Porto, orçamenta-se por 50 milhões de euros e depois gasta-se 100 milhões. É como começar a construir uma casa pelo tecto.

100 milhões de euros por uma casa da musica, num país e numa cidade onde a esmagadora maioria da população não tem formação musical e onde o acesso à educação musical pelos mais jovens é quase nulo. "Cultura é comer bem, vestir decente e habitar seguro" dizia o Prof. Agostinho da Silva.

100 milhões de euros davam para reconstruir o decrépito Conservatório do Porto e mandar construir novos Conservatórios em todas as Capitais de Distrito; davam para construir (como diria o Guterres, é fazer as contas) boas escolas de musica em todas as Sedes de Concelho; davam para pagar a uma mole de professores que ensinariam, gratuitamente, a um sem número de crianças; davam para subsidiar uma infinidade de bandas de música e associações culturais.

Mas fazer "obra" que encha o olho e sirva para Inglês ver é um imperativo dos decisores políticos Portugueses. E em obras megalómonas é mais fácil disfarçar os desvios orçamentais.

Peliteiro,   às  23:19
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terça-feira, 25 de novembro de 2003

Até para estar doente é preciso ter sorte 

Ainda ninguém me conseguiu explicar porque é que um doente epiléptico beneficiário da ADSE - funcionário público portanto - chegando à Farmácia para comprar um medicamento para ele imprescindível, como por exemplo Tegretol CR 400, não paga nada enquanto um doente trabalhor do sector "privado" paga!
Além disso a receita do primeiro é ilimitada no que respeita ao número de embalagens que podem ser dispensadas e a receita do segundo está reduzida a duas embalagens.

Como estamos numa época em que tanto se fala em despesas com medicamentos (nos consumos hospitalares ninguém fala...) e partindo do princípio que há igualdade de direitos para todos os contribuintes e para todos os beneficiários, cidadãos Portugueses, convém lembrar que há regalias excepcionais na aquisição de medicamentos:

Os militares, os efectivos da PSP e GNR pagam apenas 25%,
Os funcionários da PT e dos CTT pagam apenas 25%,
Os bancários, incluindo CGD, pagam apenas 10 %,
Os funcionários da EDP pagam 0%!!!
E etc...

Isto tem que acabar, ai tem tem.
Luís Filipe, tu que és um ministro-gestor ainda não viste isto? Não há que ter medo...

Peliteiro,   às  23:58
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segunda-feira, 24 de novembro de 2003

A grande regata 

A propósito da nossa candidatura à realização da regata milionária e tendo Portugal uma costa enorme com praias esplêndidas, ventos indomáveis e mar bravio porque será que a prática de desportos náuticos é por cá tão exígua?
Talvez devido a um complexo de inferioridade relativo aos nossos antepassados.
Talvez por causa de "falta de verba". Embora isto não explique tudo, já que, por comparação, o nosso parque automóvel é bem recheado e além disso sempre podíamos ir a Vigo comprar os barcos usados de "nuestros hermanos" ou, até, mandar construir nos estaleiros da Póvoa ou Vila do Conde que estão que estão habituados a fazer embarcações para pobres.

E não há nada como estar no meio do deserto que é o mar alto, sózinho, com a terra lá longe no horizonte, ínfimo e vulnerável aos humores dos elementos.
É um dos sítios ideais para o recolhimento e a reflexão, com um quase silêncio esmagador. Deve ser também por isso que os pescadores são tão religiosos. As missas aqui na Póvoa estão sempre cheias, as pessoas são muito religiosas, a catequese das crianças é sempre fonte de engarrafamentos. O mar impõe respeito.
Uma dos projectos de aventura que não consegui ainda alcançar é a saída à noite para o alto mar, de preferência num barco artesanal de pesca. O mar á noite é ainda mais assustador, não consigo mergulhar nas águas escuras da noite da mesma forma que me arrepia mergulhar numa floresta de algas. São medos.

Voltando à regata dos ricos, espero que não seja mais um poço de despesa pública. Tenho ouvido falar muito nas projecções de resultados positivos para a economia mas pouco do investimento público.

Peliteiro,   às  23:37
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domingo, 23 de novembro de 2003

Pão moderno 

O preço do pão vai aumentar.
O pão leva uma quantidade enorme de sal na sua composição.

Foi então que este fim de semana estive a desenvolver uma fórmula rápida para pão caseiro:

Amassar 200 g de farinha de trigo integral até atingir uma consistência semi-sólida.
Cozer no microondas com grelhador, na potência máxima, até começar a torrar.

Já está. Na primeira prova parece horrível, nota-se muito a falta de sal e são precisos dentes bem rijos. Mas fica uma espécie de boroa agradável, barata, e saudável.

Peliteiro,   às  19:39
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Medo de quê? 

Diz o Ministro da Saúde, Dr. Luís Filipe Pereira:
“Sabemos que só 2 a 3% dos médicos autorizam a substituição de um medicamento de marca por genéricos… Ao fim de um ano de experiência deste sistema vou tomar decisões”

Não há que ter medo Sr. Ministro!

É fácil, eu explico:

O Infarmed garante a qualidade de todos os medicamentos,
O Médico prescreve o princípio activo,
O Farmacêutico disponibiliza as várias opções,
O Doente escolhe.

Peliteiro,   às  19:37
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Greve na função pública 

Pena que as greves da função púbica sejam tão raras.
O que não ganharia o país se os funcionários públicos fizessem greve todas as sextas-feiras. Não se nota a falta deles e resolvia-se o problema do défice.

Peliteiro,   às  19:26
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sexta-feira, 21 de novembro de 2003

Crossfire 

Não sei como mas às quintas-feiras à noite faço sempre a mesma pergunta: mas afinal o que é que estes pategos estão para ali a dizer? Quando dou conta já estou farto do som de fundo destas vozes a que não estou a dar atenção nenhuma.
Os pategos são o jactante Nuno Rogeiro e o morcão do Alfredo Barroso, no Crossfire.
E diz um: sim, já estudo há anos as questões do médio-oriente e a minha opinião é...
E o outro: sim, eu também sou um estudioso dessa questão e...
Entretanto distraio-me e largos minutos depois - como nas telenovelas brasileiras em que se pode estar dois meses sem ver os capítulos que não se perde o fio da trama - ainda debitam certezas sobre o atentado da Turquia - dá a impressão que sabiam perfeitamente que o atentado ia acontecer, onde e com quantos mortos e feridos - e os efeitos do terrorismo, a Al Quaeda...

Sendo assim, hoje também vou dar a minha opinião, não estudo há anos a questão, mas a mim ninguém me cala:
Os Americanos, nossos vizinhos da frente*, não são propriamente uns anjinhos de asas brancas. São imperialistas e interesseiros.
Mas o que seria deste saco de gatos que é o mundo sem uma polícia musculada? Coreanos, Chineses, Iraquianos e Iranianos, Portugueses, Cubanos, Angolanos, Liberianos, Alemães, Russos...

*Os meus vizinhos da frente são umas Americanas simpáticas, não consigo reconhecer bem em que cidade estão, talvez Boston, vê-se mal pelos binóculos e o Atlântico é grande!

Peliteiro,   às  00:19
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Juventude 

Os estudantes de Coimbra e os jogadores da "sub"-selecção estão esta semana sob fogo cerrado.
Claro que é errado fechar a cadeado as portas das faculdades e impedir o direiro à não-greve dos colegas e claro que é errado destruir balneários depois de uma vitória num jogo de futebol. Ponto final.

Mas eu espanto-me ouvindo críticas de alguns imaculados, uns santos cuja vida toda se pautou pelo mais estrito cumprimento das normas sociais. Falam como se em toda a sua vida nunca tivesse havido sombra de pecado e tivessem nascido com idade para fazer PPRs.

O Pacheco Pereira até tem o descaramento de dizer no "Público" que "Fui dirigente estudantil, participei e tive responsabilidade directa por greves e confrontos com a polícia, e tive a minha dose de desacatos e "ilegalidades", só que num Portugal em que não havia legalidade, nem liberdade, antes do 25 de Abril.". Alguns estão sempre do lado certo da razão.

Vejo muitas vezes, em entrevistas a personalidades que também estão sempre do lado certo da razão a pergunta: E se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida? Não se arrepende de nada? E eles cheios de importância e certezas, convicções profundas e prosápia: Não, não mudava nada, não me arrependo de nada!
Ora eu mudava quase tudo, arrependo-me de muita coisa, fazia tudo de novo (se calhar pior) e - bem vistas as coisas à distância do tempo - fiz algumas asneirolas...
Agora mesmo me arrependo de ter estado a comer nozes em cima do computador; encravou-se a tecla do enter e tive que fazer dois reiniciar seguidos...
Ou seja, considero-me um mísero homínideo, e sei que de perfeito tenho pouco. O que se calhar até já não é mau de todo.

Peliteiro,   às  00:05
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quarta-feira, 19 de novembro de 2003

A gripe 

Parece que a vaga epidémica de gripe já vem em Espanha.
Cronologia da gripe
Há que deitar cedo...

Peliteiro,   às  23:37
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O emplastro 

Imaginemos as seguintes imagens:
- Num naufrágio - pode ser o do Titanic - um homem atropela todas as normas e consegue um lugar nos escassos botes de salvamento. Entretanto o bote vira e ele, para se conseguir içar, apoia-se no corpo flutuante de um camarada de infortúnio, que consequentemente se afunda.
- Numa sala de aulas uma rapariguinha faz de tudo para que o professor nela repare, levanta o dedo em todas as perguntas, tem sempre dúvidas no fim das aulas, entra cedo, apaga o quadro...
- A situação equivalente num escritório e um lambe botas que se esforça para dar nas vistas. Sim Sr. Dr., concerteza, é para já, tem toda a razão...
- O emplastro do FCP que aparece por trás de todas as câmaras de televisão, das objectivas dos fotógrafos, acenando, fazendo caretas, dando saltinhos, abanando a cabecinha, dizendo adeus...

Então, que político regional evocam estas imagens?

O Nuno Cardoso do Porto, claro.

É patético o homem. Teme - e tem razões para isso - cair no esquecimento. Faz tudo para aparecer, dá o vizinho e mais três vinténs para aparecer na TV.
Um dia destes fez uma palestra sobre o PIDAC, convidou os representantes de quatro partidos e estiveram presentes 15 pessoas!!! Um sucesso.
Foi o pior presidente de câmara que o Porto já teve, mas persegue, obstinadamente, a meta por ele formatada: Conseguir fazer um mandato ainda pior do que o anterior, desta feita legitimado pelos votos dos portuenses.
É perseverante. É decidido e faz o que for preciso para se manter à tona, nem que seja matar - desta vez a sério - o Fernando Gomes, ou arrancar-lhe a peruca.

Não há como ele. Perdão, o Luís Filipe Menezes, de Gaia, é de uma estirpe aparentada...

Peliteiro,   às  01:26
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terça-feira, 18 de novembro de 2003

Notícias tendenciosas 

Lê-se n'O Jornal de Notícias que um medicamento genérico, usado como antiagregante plaquetar ("para pôr o sangue fininho" como se diz popularmente))) foi retirado do mercado:

"INFARMED manda recolher fármaco da Ratiopharm
O Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (INFARMED) ordenou a retirada do mercado de várias embalagens de um ácido acetilsalicílico genérico.
A autorização de introdução no mercado do fármaco em causa (uma versão genérica, sem marca, da conhecida aspirina) pertence ao laboratório Ratiopharm – Comércio e Indústria de Produtos Farmacêuticos Lda. A anomalia que levou à retirada do mercado prende-se com a dissolução do medicamento, que, segundo o INFARMED, "não cumpre com a especificação". Um problema que não é novo e já levou a anteriores retiradas do mercado, apesar de não afectar a saúde."


O que o jornalista não sabe (ou finge que não sabe) é que quase todas as semanas se procedem a retiradas de lotes de medicamentos nas Farmácias, por eles não cumprirem com as especificações e por outras razões que se prendem com a qualidada. Isto até não é necessariamente mau, significa que o controlo de qualidade dos medicamentos se prolonga muito para além da saída das unidades de produção.

Não tendo eu procuração para defender o laboratório Rathiopharm e sendo este, para mim, uma companhia farmacêutica igual a qualquer outra, seja produtora de genéricos ou não, pergunto:
Então, porque não noticia o Jornal de Notícias todas as retiradas de lotes de medicamentos efectuadas pelo Infarmed este mês (Pariet; Flixotaide, Serevent, Seretaide, Asmo-Lavi, Maizar, UltraBeta, Asmatil, Veraspir, Brisovent, Brisomax, Dilamax)?
Porque estes outros medicamentos têm marca?
Porque as companhias detentoras destas marcas são assinantes do Notícias?
Porque o JN também não "confia" nos medicamentos genéricos?

Peliteiro,   às  23:48
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segunda-feira, 17 de novembro de 2003

A ambição humana não tem limites 

A ambição do homem é infinita.
O meu filho mais novo (o dentista) fez ontem quatro anos.
Recebeu imensas prendas. Brinquedos de todos as formas e feitios, como é uso nestas datas.
À noite já tinha estropiado, esventrado, desmontado e misturado aquilo tudo. Eu que já sei o que a casa gasta, dei-lhe um jogo de Playstation que sempre dá para eu me entreter (aprendi com um velho amigo meu, que quando rapaz, nos aniversários da mãe, oferecia-lhe bolas de futebol).
O espólio estava todo visto e preparava-se para seguir o destino dos anteriores - Jaz em Paz no Quarto de Trás, quando ele descobriu, perdido no meio das saquetas e papeis de embrulho, um catálogo de uma cadeia de loja de brinquedos. Sentou-se, calmíssimo, viu as figuras todas cuidadosamente durante uma boa meia hora, concentradíssimo.
E eu, deitado no sofá, satisfeito da vida com tanto sossego, a ler o resto do Expresso com o olho direito, a ver o jogo do FCP com o olho esquerdo, a saborear um queijinho da serra... Fim de fim de semana perfeito.
Eis senão quando, ele contra-ataca:
Pai, agora quero ete e ete e ete, muda a página e ete e ete e ete e ete, muda a página e ete e ete...

Peliteiro,   às  23:59
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Sinto-me depenado 

Não fui á inauguração do estádio do Dragão. Mas tive pena.
Pediram-me setenta e tal "ouros" e eu achei que era muito. O jogo não valia a pena; e só pela festa, saía carote.
Por outro lado, sempre fui contra a realização do Euro 2004 e a construção destes monumentos futebolísticos, pesadíssimos para o erário público. Sempre defendi que o dinheiro dos nossos impostos era melhor investido e teria maior retorno se fosse aplicado na reparação e conservação dos nossos monumentos históricos, bibliotecas, museus, etc, que tão mal tratados são.
Portanto, também por uma questão de coerência, não fiquei com grandes remorsos.

Mas na sexta-feira de manhã, como que por castigo por andar sempre a reclamar contra a maneira como gastam os nossos impostos, aconteceu-me uma desgraça.
Tinha uma carta registada do Fisco e fui levantá-la aos Correios da Avenida dos Banhos. Até estava bem disposto, não me cortei a fazer a barba, um dia agradável, mar bonito e selvagem, pouco vento, a cantarolar uma musiquinha com o meu mais novo, e tal e coisa...
Quando cheguei à viatura e abri a carta fiquei lívido, abúlico e apático, obnubilado, em choque!!! Tinha que pagar uma maquia de IRS que até se me faltou o ar!... Há ladrões, que ele tanto me custa a ganhar!... Não se admite... Não vale a pena trabalhar, depenam-me todo...
Recuperei o fôlego, acabou-se a musiquinha, o mocito calou-se pressentindo borrasca, e a praguejar lá o fui deixar na escolinha.
Fui tomar um café curto para reanimar; não, dois se faz favor.
Entra um amigo e diz: então domingo vais ao estádio do Dragom?
Num bou nom - resmunguei eu - mas quando lá vires chegar um autocarro com deputados e outra tralha do género, fica a saber que quem pagou os bilhetes deles fui eu. Está aqui a factura!

Peliteiro,   às  23:52
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quinta-feira, 13 de novembro de 2003

Propinas II 

Embora sem grande entusiasmo porque estou estafado, vou tentar acabar o que ontem iniciei.
Vou então explicar, da forma mais sucinta possível, as minhas razões para defender a gratituidade do ensino:

- Digo gratituidade do ensino e não do ensino superior porque defendo que a educação é um bem precioso para um povo. Embora Portugal não seja um país rico, o investimento em educação deve ser prioritário e intenso.
- Portugal é um país onde o número de pessoas que acabam o secundário, que acabam um curso técnico ou universitário é muito baixo.
- Não acredito que as propinas - por muito que os decisores políticos digam o contrário - contribuam para aumentar a qualidade do ensino nem sequer ajudar a resolver os problemas da acção social escolar. É mais uma forma de imposto a juntar a todos aqueles que alguns, poucos, pagam a um Estado despesista e incompetente.
- Independentemente da capacidade económica de cada aluno, o facto de ele ter aproveitamento e mérito para aceder a um nível mais elevado de ensino, merece reconhecimento e estímulo por parte do Estado.

No entanto, dada a actual situação do ensino e do país, a minha opinião sobre o pagamento de propinas pelos alunos universitários encerra alguma conflitualidade.

- Não há nenhum plano estratégico, sobre que áreas de ensino são necessárias, importantes, ou prioritárias.
- Os alunos que acabam o secundário não têm outra alternativa, se quiserem prosseguir os seus estudos, que não seja a entrada numa Universidade. Cursos médios, sérios, não existem, ou quase não existem, e são erradamente desvalorizados pela sociedade; não são prestigiantes nem dão títulos.
- As Universidades privadas ainda não são uma opção consistente porque quase só oferecem cursos de "lápis e papel" de reduzido investimento e alto retorno financeiro para os accionistas. São muitas vezes uma fraude, um negócio pouco escrupuloso, que origina decepção e frustração nos seus graduados. Paradoxalmente, muitas vezes, os alunos das universidades privadas são aqueles que menos possibilidades têm de pagar propinas!
- A maior parte dos cursos universitários, em particular dos cursos recentes, foi elaborada não em função do mercado de trabalho mas, antes, em função das necessidades dos docentes e do aparelho universitário - este também despesista e incompetente.
- A atribuição de ajudas económicas aos alunos de menores recursos é uma tarefa muito imperfeita, pois todos sabemos que a riqueza e o rendimento de cada agregado familiar é completamente desconhecido do Estado, em particular da máquina fiscal. Muitos filhos de latifundiários e muitos filhos da grande burguesia auferem de bolsas de estudo, da mesma maneira que os seus pais não pagam quaiquer impostos.
- O conceito de Universidade está completamente deturpado, ninguém sabe bem o que é uma Universidade.
- O padrão de competências que uma licenciatura, mestrado ou doutoramento devem conferir não é homogéneo ou criterioso, nem tem correspondência lógica para com as actividades profissionais a que se destinam.

Um electricista precisa de ser licenciado? E um enfermeiro, e um astronauta?
Um curso para ser considerado universitário tem que ter quantas cadeiras, que percentagem de "chumbos", quantos horas de aulas, quantos profes?
Qual é a grande diferença entre uma Universidade e um Instituto Politécnico? Uma Universidade pode ser despromovida a Instituto e um Instituto pode ser promovido?
Os alunos do Centro de Estudos Judiciários, futuros magistrados da nação pagam propinas? São equiparados a mestrandos?

Que confusão...

Peliteiro,   às  23:44
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quarta-feira, 12 de novembro de 2003

Propinas 

Ando há que tempos para escrever sobre as propinas e as manifestações de desagrado dos universitários.
Mas escrever sobre isto implica relacionar o tema com a qualidade do ensino superior, a estratégia de formação de licenciados e outros graduados, os cursos e a sua importância na sociedade, a acção social escolar e os critérios de atribuição de bolsas e residências, os comportamentos e atitudes da sociedade em geral e das massas, e alguns outros assuntos .
E isso implica tempo e esforço. Eu que sou um proletário, que vivo do meu trabalho, duro e difícil, nem sempre tenho tempo e energia para me debruçar sobre temas tão complexos. Além disso tem-se escrito tanto sobre a problemática que julgo que a minha opinião não acrescentará nada à berraria reinante.
Tenho reparado que a rapaziada da esquerda anda a desancar a estudantada, dizendo que eles gastam imenso em telemóveis, cervejas e leasings de viaturas de luxo. Ontem á noite li no Público o post scriptum da crónica do comuna do Vital Moreira (ou ex-comuna) e irritei-me. Esse comuna tem a mania que tem o rei na barriga, que é a eminência parda da nação, que é um brilhante constitucionalista (devia olhar para a despretensão do Prof. Jorge Miranda) e que sabe de tudo e tem opinião sobre tudo. Diz então o comuna do Vital Moreira: "É uma atitude recorrente (os cadeados nas portas) em Coimbra, perante a passividade das autoridades académicas e outras, embora tais actos estejam previstos e punidos pelo Código Penal."
E as acções reivindicativas dos mais variados sectores que os camaradas apoiaram ao longo dos tempos, prejudicando milhares de pessoas? Qual é mais grave fechar uma porta de uma Reitoria por uns dias ou cortar uma estrada que serve uma população inteira? E as greves académicas, as crises de 62 e 69 (por acaso o Dr. Alberto Martins, deputado do PS e presidente da AAC à época, não alinha com o comuna do Vital Moreira), os saneamentos do 25 de Abril nas faculdades, terão sido um exemplo de protesto cívico, sem excessos e desvarios?
Serão reivindicações num plano de importância diferente. Talvez. Mas quem decide, em movimentos sociais, o que é justo ou injusto, lícito ou ilícito? A história! E nem sempre! "A história me absolverá" - isso diz o Fidel...

Então, eu, em teoria, sou contra o pagamento de propinas pelos alunos do ensino superior.

Mas ainda não é hoje que explico as minhas razões, faz-se tarde e amanhã é dia de trabalho. Nem sequer digo o que quer dizer o meu "em teoria" utilizado na afirmação do parágrafo acima. Fica para uma próxima oportunidade. De qualquer das maneiras o objectivo do texto de hoje era deixar claro que as opiniões dos comunas, como o Vital Moreira, sobre os estudantes de hoje revelam falta de memória e coerência.

Peliteiro,   às  23:50
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Curriculum dos nossos Ministros 

Muito fraquinhos os curricula dos nossos ministros. É esta a massa cinzenta que nos governa, a elite, a nata?
E as médias dos cursos? E a experiência profissional tão reduzida? E o serviço ao país e à comunidade? E o serviço militar, onde foi cumprido?
E eu estou à vontade para criticar porque sou filiado no PSD há longos anos, fui Conselheiro Nacional, fiz parte de uma Concelhia pela JSD, fui dois anos candidato à Direcção Geral da AAC e tive outras participações em movimentos associativos e partidários; ou seja um "laranjinha" dos quatro costados!
Que saudades que eu tenho dos bons velhos tempos do Prof. Dr. Cavaco Silva!

Já agora, e como será o curriculum do Manuel Monteiro? Nunca estudou (fez uma licenciatura tipo quarta classe de adultos) e nunca trabalhou, é um verdadeiro profissional da política, só lhe falta, também, ir a Ministro.

Peliteiro,   às  23:49
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terça-feira, 11 de novembro de 2003

Looking for Spinoza 

Fui um aluno sofrível de Filosofia no Liceu. Tinha na altura 15 anos. Os pré-socráticos, a "Alegoria das cavernas" e o "Discurso do método" não eram assuntos que me despertassem grande interesse ou entusiasmo. Não sei se a culpa foi minha, do professor ou do programa escolar, mas é um facto que as minhas noções básicas de filosofia ficaram muito mal alicerçadas.Rembrandt; A Man seated reading at a table in a lofty room
E é pena. Uns anos mais tarde interessei-me pelo tema e ainda li, ou tentei ler, algumas obras. É como o meu caso dos "Maias"; quando a obra era matéria obrigatória da disciplina de Português nunca a li, fiquei-me pelos resumos; depois disso, já a li umas quatro vezes e é agora um dos meus livros preferidos.
Tenho agora alguma apetência pela filosofia. Estou a aguardar a reforma pelo tempo que me disponibilizará; e tenho que arranjar um orientador que me recomende um plano de leituras, que me oriente.
Vem isto a propósito de António Damásio. Li o primeiro livro do autor, "O erro de Descartes", e gostei; comprei o segundo, "The feeling of what happens", que espera pacientemente, em lista de espera. Gostava de comprar o terceiro, "Looking for Spinoza", mas precisava, primeiro, de abordar a obra filosófica de Benedictus de Spinoza, o que dadas as circunstâncias me parece bastante difícil.
O dia devia ter 48 horas...

Peliteiro,   às  23:17
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domingo, 9 de novembro de 2003

É difícil encontrar um bom conversador.
É fácil encontrar quem fale muito, mas pessoas que mantenham um fio de conversa diversificado e agradável é bastante raro.
Há muitos tipos de faladores. Os aborrecidos dissertam infinitamente sobre temas que não interessam a ninguém a não ser a ele próprio; os monovarietais abordam sempre um só tema, ano após ano; os fala-barato debitam futilidades e frases soltas inconsequentes; os mentirosos inventam historietas dignas dos melhores filmes de ficção (cabem aqui as sub-categorias de caçadores, machos latinos e políticos); os assertivos convencem-nos de que são donos de toda a verdade e razão e deixam-nos no início de qualquer réplica; os pedagogos dão conselhos a todos, relatam as suas experiências, indicam caminhos e propõe respostas a perguntas que eles próprios enunciam; os papagaios tem um repertório bem preparado para as mais variadas ocasiões e quando lhe alteram os planos emudece como um pato.
Para se ser um bom conversador é preciso ter uma grande riqueza interior. Da mesma forma que um poeta só consegue versar o amor se o tiver vivido intensamente, um conversador tem que dominar a vida, os seus atalhos e cruzamentos, o drama e a comédia, a exaltação dos sentidos, o gostar muito e o detestar; tem que ser verdadeiro e espontâneo.
Quase sempre, um bom conversador tem já uma certa idade.
Uma conversa não é um duelo é um dueto.
É preciso estar num ambiente que proporcione uma boa troca de impressões. Nada mais arrepiante que, de repente, ficar abandonado com um interlocutor que não se conhece e de que não se conhece nada. Aí, tem que se recorrer a desbloqueadores de conversa, artificiais, que condenam, quase sempre, o fluxo de palavras a um amontoado de lugares comuns.
A conversa não é feita só de palavras, mas também de entoações, gestos, expressões, olhares. Por isso detesto falar ao telefone, é pobre.
Hoje, conversa-se pouco. Não há tempo. Perdeu-se o hábito de passar um serão em amena cavaqueira, a bebericar um Porto e a aquecer as mãos nas chamas da lareira.
E é também por isso - já que ninguém está para aturar as minhas conversas - que eu escrevo estas trenguices ))))

Peliteiro,   às  23:19
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Invenção do século 

Ora aqui está a invenção do século para aqueles que precisam de paz e sossego depois de um dia de trabalho e moram numa casa com muita agitação. Especialmente indicada para indivíduos que se dedicam a escrever blogues ou a outros vícios solitários.
Vem equipada de origem com fechadura de alta segurança, paredes insonorizadas, ar condicionado automático, mini-bar, som surround, telefone, ligação de banda larga e TV cabo. O modelo "King size" em vez de cadeira, incorpora uma enorme e confortável poltrona convertível em sofá-cama, com mantas de cachemira.


Peliteiro,   às  23:10
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Cinema em casa 

Já não via um filme há meses.
Hoje já vou no segundo.
De tarde estive a ver o "Mentes brilhantes" com o Russel Crowe, e que retrata a vida do matemático genial e esquizofrénico John Nash. Já tinha aqui falado do livro que li nas férias de Verão. São duas histórias diferentes, a do filme a do livro, duas versões de uma vida. De qualquer das maneiras, e como quase sempre, o livro é melhor, mais denso, com menos limites e mais espaço para a imaginação.
Agora estou no "A máscara do Zorro" com Antonio Banderas, Anthony Hopkins e Catherine Zeta-Jones. Levezinho e divertido como convém a uma noite de Domingo.

Peliteiro,   às  23:08
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sexta-feira, 7 de novembro de 2003

Farmacêuticos sem fronteiras 

Um desafio a todos os farmacêuticos que me lêem: Farmacêuticos Sem Fronteiras.

Peliteiro,   às  00:41
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quinta-feira, 6 de novembro de 2003

Vocações 

Infelizmente, não me parece que vá ter seguidores na profissão de boticário. Gostava que os meus filhos viessem a ser meus colegas. Mas não vão.
O mais novo tem 3 anos e faz colecção de escovas de dentes, delira quando chego a casa, à noite, e lhe ofereço mais uma. Experimenta os dentífricos todos que apanha e uma das suas brincadeiras preferidas é escovar os dentes. Às vezes mete-me os deditos nos caninos e diz-me: os teus dentes parecem uma faca! Vai ser médico dentista concerteza.
O mais velho tem 7 anos e faz colecção de dinheiro desde os 6 meses. Tem uma conta bancária, porta-notas e porta-moedas. Empresta-me dinheiro para o café e cobra-me juros, um verdadeiro agiota. Era campeão do "preço certo" na televisão, é bom em matemática e delira com negócios do género: vou comprar-te o jornal e fico com o troco!. Vai ser economista, como a mãe, concerteza.
Já sou muito velho para uma terceira tentiva, mas gostava de ter um herdeiro profissional a quem ensinaria os segredos da arte, a quem confiaria as minhas fórmulas magistrais. Talvez um sobrinho...
É curioso como as vocações despertam desde cedo. O que faz duas pessoas com patrimónios genéticos aproximados e educações semelhantes, como é o caso de dois irmãos, terem inclinações tão diferentes?
O que faz uma pessoa ter vocação para padre, ou para advogado, ou juíz, ou carpinteiro, ou picheleiro, ou jornalista, ou pintor? O que faz uma pessoa seguir letras ou ciências?
Será que há vocações, ou isso faz parte da imaginação colectiva, que o caminho profissional de cada um é fruto das circunstâncias? Dependerá daquele professor, daquele grupo de amigos, do acaso, da fase da lua?
O animal político Dr. Mário Soares é-o porque desde pequeno foi preparado para o ser, ou porque herdou características para o ser, ou as duas coisas?
E eu, porque será que desde pequenino digo que quando for grande quero ser reformado?

Peliteiro,   às  23:41
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terça-feira, 4 de novembro de 2003

Os meios de comunicação social andam para aí a dizer que as Farmácias não têm vacinas da gripe.
Mentira. As boas Farmácias têm muitas vacinas e nunca deixaram de as ter.
Claro que não todas as marcas. Seria impraticável, nem um armário frigorífico conteria tanta quantidade.
E os doentes andam, aflitos, a calcorrear as farmácias todas da cidade até encontrarem a marca que o seu médico receitou.
Mas porque é que os médicos receitam uma marca e tem que ser aquela e não abdicam da sua escolha?
Uma questão de confiança na marca?
Mas as vacinas têm que cumprir as especificações - já nem digo do Infarmed - da Organização Mundial de Saúde!
Estamos a falar de ciência ou de fé?

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Peliteiro,   às  23:52
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Expressões Sulistas e Nortenhas 

Diz o Bétinho de Lisboa: Daah...
Diz o Bértinho do Porto: Daa-se...

Peliteiro,   às  23:38
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segunda-feira, 3 de novembro de 2003

Os temas que me surgem para escrever neste pasquim são como as cerejas: uns arrastam os outros. Ontem, ao escrever sobre uma viagem e sobre Portugueses, ocorreu-me escrever sobre os descobrimentos. É assim:

Um dia estava no aeroporto Charles de Gaulle quando de repente aparece uma mala enorme abandonada numa das salas de check-in.
Os polícias de serviço colocaram-se perto da mala e começaram a pedir às pessoas para se afastarem. De repente aparecem de umas portas disfarçadas nas paredes um grande número de militares ou paramilitares ou lá o que eram, aramados até aos dentes, com umas metralhadoras pequeninas, tipo Uzi, sem coronha. O clima adensou-se. E os militares começaram a isolar o local com umas fitas plásticas. Havia muita gente na sala e foi preciso começar a ganhar terreno aumentando a área, progressivamente, em círculos cada vez maiores.
As Francesinhas corriam coradas e assustadas lançando gritinhos muito coquettes; os alemães, desconfiados a olhar por cima do ombro, afastavam-se aos tropeções grunhindo sons indistintos; os Ingleses, aprumados e sem perder o tom, empurravam mas sempre com um impecável "sory" e suspiravam "ó mai gode"; os Italianos "mamma mia", etc, etc.
Havia, no entanto um grupo de irredutíveis, que já estava a começar a irritar os polícias. Quase que tinham que ser empurrados. De pescoço esticado e olhos arregalados, colocados junto das fitas, insistiam em ser os últimos a fugir. A área isolada era na altura grande mas não o suficiente para proteger do impacto de um engenho explosivo.
Algumas espécies de macacos, mesmo avisados há gerações e gerações, que podem ser estrangulados e deglutidos por umas giboias gigantes que aparecem nas árvores, ocultas entre a folhagem, não resistem à curiosidade fatal de se aproximarem para melhor ver uns olhos que brilham ou uns tons de cor deslizantes e diferente.
Alguns condutores em tarde de Domingo não hexitam em parar a viatura no meio da estrada para ver outra viatura que parou para ver um ciclista que estava a mudar o pneu furado e assim sucessivamente até o choque em cadeia final.
É claro que eu era um dos pacóvios que estava no limite da linha para ver o que aquilo dava. Bem sei que não devia estar, mas eu sabia que aquilo seria interessante, quanto mais não fosse para escrever num blog, daqui a uns tempos.
Uma das principais razões para os Portugueses terem dado tantos mundos ao mundo foi a sua curiosidade. Os angariadores de tripulações chegavam às cidades e aldeias e diziam aos potenciais marinheiros: olha que vamos fazer uma expedição até uma terra que ninguém sabe muito bem onde fica, enfrentando perigos inimagináveis, mas dizem que, há árvores que dão patacas, há mulheres que não usam soutien, há animais do tamanho de casas, há pepitas do tamanho de pedras, há pássaros que falam, e coisas do arco da velha. Os angariados faziam uns cálculos estatísticos, que tinham como resultado: probabilidade de morrer - 60%; de ficar estropiado - 30%; de ficar com escorbuto - 5%; de ficar com uma mulher sem soutien e sem buço - 2%; de ficar com mais que uma - 1%; de ficar rico e nunca mais trabalhar - 1%; de ver coisas formidáveis para contar aos netos e na tasca da aldeia - 1%. E iam!
A sala do aeroporto estava quase vazia - só lá restavam pouco mais que uma centena de mirones, que os polícias não conseguiam afastar - quando aparece um grandalhão, gordo, louro, a beber Coca-Cola e a apertar a braguilha, dirigindo-se para a mala. levou logo um piparote de um polícia, como nos filmes, que o estendeu no chão , lhe aplicou uma chave e o algemou. "Ai éme americane" gritava repetidamente o brutamontes. Mas mesmo assim lá foi algemado, com a mala, e escoltado por um pelotão de polícias.
A sala foi liberta e rapidamente tudo voltou à normalidade.
Só no avião é que percebi quem eram os irredutíveis. Era um voo Paris-Porto e o avião estava cheio de Portugas, muitos emigrantes. Eram todos caras conhecidas, eram os meus parceiros curiosos.

Peliteiro,   às  23:18
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Ranking IFFHS 

Ranking IFFHS de clubes de futebol, em 31 de Outubro:

1. (1.) Milan AC Italia/
2. (4.) Real Madrid CF España/
3. (3.) Santos FC Brasil/
4. (2.) Glasgow Celtic FC Scotland/
5. (8.) FC do Porto Portugal/................................................São os árbritos!!!!
6. (6.) FC Juventus Torino Italia/
7. (11.) CA Boca Juniors Buenos Aires Argentina/
8. (5.) SS Lazio Roma Italia/
9. (7.) Real Club Deportivo de La Coruña España/
10. (10.) Arsenal FC London England/
11. (9.) Manchester United FC England/
...
88.(53.) Boavista FC Porto Portugal/
...
94.(83.) Uniao Desportiva de Leiria Portugal/
...
127. (134.) Sporting Clube de Portugal Lisboa Portugal/
...
132 (191.) Sport Lisboa e Benfica Portugal/....ehehehehehehhe E estão muito bem servidos de Presidente, sim senhor.

Peliteiro,   às  23:16
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domingo, 2 de novembro de 2003

Todos os dias passso em frente a um grande Liceu e a uma Escola de formação profissional, no Porto.
A forma como os alunos saem das aulas, aos gritos e uivos, aos tropeções, numa grande algazarra, fazem-me imaginar que a ordem naquelas aulas não deve ser primorosa. Não é propriamente a gritaria de uma turma infantil a sair das aulas, são mais exuberantes, assim a resvalar para o selvático.
A forma como muitos deles se vestem, também não contribui para melhorar a impressão causada. A moda urbana “back street” não influenciará de um modo positivo a atitude destes jovens.
Até posso estar enganado, mas penso sempre: coitados dos professores, santa paciência para aturar esta horda.
Mas a juventude não está perdida. Só uma parte.

Este ano estive de férias de Carnaval na Jamaica. Os Jamaicanos são feios. Tão feios que até assustam. Ninguém anda em Kingston descontraidamente; não por ter uma grande criminalidade mas por os habitantes serem tão atemorizadores que ficámos sempre à espera de ser esventrados por um “rasta” pavoroso.
O curioso é que as crianças são bonitas, penteadinhas, lavadinhas e, há imensas. Vêem-se muitas escolas nas aldeias junto à estrada e muitos estudantes. Interessante é observar que todas as crianças e adolescentes vão à escola vestidos com a farda, impecável, da respectica escola. Não conheço os indicadores da Jamaica no que respeita ao ensino, mas pareceu-me haver um grande envolvimento de todo o país no que respeita ao futuro dos seus jovens. Pais medonhos que tratam com muito carinho os filhos, que os vão levar à escola, que lhes carregam os livros…

Se as minhas impressões estiverem certas, a Jamaica vai ser um país próspero, uma potência turística, e Portugal, que impõe propinas aos seus melhores alunos, os universitários, sem contrapartidas na qualidade de ensino, vai ser ultrapassado até pela Grécia.

Peliteiro,   às  23:00
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